Murphy Days

Todo castigo pra pobre…

Escrito por Rose Carreiro

Todo castigo pra pobre é coisa de Murphy.

…é coisa de Murphy. Vai lá a Creuza, que trabalha de segunda a sábado toda semana, pedir uma folga de sábado pós-feriado. Consegui com muito custo – e pagando R$ 65 pela radiografia da minha cara, porque finalmente (eu acho) vou tirar o aparelho ortodôntico depois de mais de 4 anos engaiolada. 

Marquei o exame, saquei o dinheiro no banco, deixei as coisas no trabalho engatilhadas pra tirar o merecido dia livre e emendar o feriado de Sete de Setembro. Quão sortuda e linda eu não me senti por isso, neah?! O digníssimo topou me levar de carro pra eu não ter que acordar mais cedo ainda no único sábado em que eu poderia dormir uma meia horinha a mais. Fazia um calor inebriante de deixar a gente fedendo a suor às 08 da manhã. Mas quem liga quando não é necessário usar uniforme e você pode sair de casa com um vestidinho de algodão? 

Estava tudo bem quando acordei. Menstruada, mas sem cólicas agravantes nem enxaqueca. Com calor, mas depilada. Odiando o cabelo comprido, mas deixando ele solto. Isso tudo durou cerca de cinco minutos, do momento em que eu me levantei, peguei uma calcinha na gaveta, fui pro banho, abri o chuveiro, derrubei o vidro de shampoo e me agachei para apanhá-lo. Um movimento ordinário com a cabeça e Murphy sussurrou um sexy Oi no meu ouvido. Eu tinha acabado de ganhar um torcicolo. E torcicolo significa DOR. 

Pra quem tinha de fazer um exame que existe postura reta – e pescoço firme – essa seria uma tarefa…dolorosa. E pra quem tinha de lavar roupa, cozinhar, tudo só ficou mais difícil.

O fim de semana acabou, voltei a trabalhar ainda torta. É claro que a estranheza de todos diante do meu mau humor era cabível, já que eu tinha ficado o fim de semana inteiro descansando. E sofrendo. Isso só serviu pra me mostrar novamente o óbvio – que nada é perfeito; mas, ainda mais, pra deixar explícito que meu trabalho pode até me permitir uma folga, mas Murphy…nunca.

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Sobre o autor

Rose Carreiro

Nascida num 20 de Outubro dos anos 80. Naturalmente petropolitana, com passaporte carioca. Flamenguista pé frio e expert em não se aprofundar em regras esportivas. Fã de Verissimo – o Luis Fernando – e Nelson, o Rodrigues (apesar de tudo). Poser. Pole dancer com as melhores técnicas para ganhar hematomas. Amadora no ofício de cozinhar e fazer encenações cômicas baratas. Profissional na arte de cair nos bueiros da Lei de Murphy.