Relatório de Evidências

Eu confesso

Escrito por Rose Carreiro

Eu sou uma espectadora mainstream. Sigo a moda dos filmes, das séries, e só busco conhecimento cultural suficiente num assunto para poder gerar argumentos diante de uma discussão acalorada de fim de temporada.

OK. Eu tenho de falar de algo pra iniciar os trabalhos categóricos aqui no Crônicas, mas como recentemente nenhuma das minhas ideias de posts no melhor estilo textão de Facebook têm sido socialmente aceitáveis, vou fazer uma confissão porque, afinal, quem é que não gosta de um relato vexatório a essas horas?

Eu sou uma espectadora mainstream. Sigo a moda dos filmes, das séries, e só busco conhecimento cultural suficiente num assunto para poder gerar argumentos diante de uma discussão acalorada de fim de temporada. Vou ao cinema ver Iron Man e Vingadores, mas nunca li um desses quadrinhos da Marvel. Li 50 Tons de Cinza porque todo mundo tinha lido, menos eu (e porque consegui emprestado). Assisti às séries da Netflix de Demolidor e Jessica Jones, tendo como única referência aquela excelente atuação do Ben Affleck, e o fato de que a Jessica Jones participou de Breaking Bad. Aliás, não terminei de ver Breaking Bad – ficava muito deprimida no final dos episódios e queria passar uma semana no quarto ouvindo Nina Simone cantando Feeling Good. Não me livrei do spoiler do final.

Leio romances água com açúcar, como Marian Keyes e Jojo Moyes. E choro com eles. Já perdi a conta de quantas vezes vi PS Eu te Amo, e nem é por causa do Gerard Butler (se fosse, assistiria 300 em looping, vocês teriam de concordar).

Cá entre nós, eu e você consumimos o que estiver na moda – de programas de gastronomia a documentários de cantoras famosas, porém derrotadas. Quando vi Narcos, passei uma semana assistindo a tudo que estava disponível sobre o Pablo Escobar na Netflix. Sou mais uma Netflix Lover. E quem não é?

Quero ver Deadpool no cinema, e sequer sei qual a história dele…odeio filmes de terror, mas suas trilhas sonoras fazem parte da minha playlist de lavar louça no Spotify. Além de mainstream, sou poser. Falo que adoro o Sting, quando na verdade só conheço suas músicas da época do The Police (e aposto que, fora Desert Rose, vocês também). Passei a ouvir mais Amy Winehouse e David Bowie depois que ambos morreram. Aprendi o processo de sourdough (numa série da Netflix, é claro), mas vou continuar comprando fermento. Posto fotos de comida no Instagram, e no final das contas não sei fazer a gema do ovo ficar dura sem ter que estourá-la.

Pronto. Vamos aproveitar que ainda não saiu a nova temporada de Demolidor a Quaresma para refletir sobre nosso consumo cultural.

Sobre o autor

Rose Carreiro

Nascida num 20 de Outubro dos anos 80. Naturalmente petropolitana, com passaporte carioca. Flamenguista pé frio e expert em não se aprofundar em regras esportivas. Fã de Verissimo – o Luis Fernando – e Nelson, o Rodrigues (apesar de tudo). Poser. Pole dancer com as melhores técnicas para ganhar hematomas. Amadora no ofício de cozinhar e fazer encenações cômicas baratas. Profissional na arte de cair nos bueiros da Lei de Murphy.