Divã-neando Tempestade de Cérebros

Alma Sandiego

Escrito por Gabi Coiradas

A vida que a maioria das pessoas leva faz mal tipo cigarro. Achamos que não é possível viver sem aquilo, que já que começou não tem mais jeito, mesma rotina, mesmo caminho, mesmos colegas de trabalho. Sobra pouco ou nada para conversar com a nossa alma, ela se sente sozinha e vai embora.

almaEsta é a tentativa número me perdi ao contar de encontrar a minha alma.

Mas como assim, todo mundo tem alma. Não tem?

Primeiro, o que será que é alma? Parece que não existe um consenso, mas todo mundo meio que quase concorda:

A Filosofia diz que é a “Entidade unificadora de todas as atividades características da vida (desde o nível orgânico até as manifestações da sensibilidade e do pensamento) e que se define em oposição à materialidade do corpo e, às vezes, a espírito”.

Já os religiosos definem como “Princípio espiritual, tido como imortal, e portanto separável do corpo material” (do homem e, para muitos, do animal).

Resumindo, é o “Conjunto das faculdades psíquicas, intelectuais e morais que caracterizam e personificam um ser humano; caráter; personalidade; psique; O conjunto de afetos, sentimentos, paixões etc. de um ser humano; o lugar virtual que os abriga”.

E foi lendo e pensando nesta coisa toda que eu inseri uma pulga atrás do cerebelo: e se eu não tiver alma?

Analisando, sou uma pessoa que não se destaca na multidão, sou o aldeão no jogo de videogame, que só fica ali parado e ninguém consegue clicar nele porque ele não tem nada a dizer, é só um carinha que está ali fazendo o seu trabalho, sem incomodar ninguém, tomando uma cerveja.

Mas e daí? Qual é o problema de viver assim, é a maioria…

O problema é que meu sonho (dizer que é um sonho ainda dá uma gota de esperança de que realmente minha alma esteja só em férias) é ser escritora. Já viram como é romântico falar de um escritor? Que ele condensa os anseios da sua alma (opa), que colocar para fora suas paixões (opa 2) e precisa gritar para o mundo tudo que ele tem dentro de si (opa 3). O misto dos 3 “opas” é que eu não sinto nenhum deles. E tudo isso virou um enorme fantasma na minha vida e, infelizmente, ele não é escritor.

E pior ainda é saber como eu cheguei: desisti de todos os meus sonhos incríveis, aqueles que fervilham com a adolescência e servem como locomotiva para a nossa vida adulta, e acho que isso fez com que minha suposta alma fosse tirar férias no Caribe. Eu entrei no automático e não existe sensação pior do que sentir que você é alguém vazio.

A vida que a maioria das pessoas leva faz mal tipo cigarro. Achamos que não é possível viver sem aquilo, que já que começou não tem mais jeito, mesma rotina, mesmo caminho, mesmos colegas de trabalho. Sobra pouco ou nada para conversar com a nossa alma, ela se sente sozinha e vai embora. Talvez alma e zona de conforto não possam ocupar o mesmo corpo, então, é hora de o senhorio resolver o problema destes inquilinos.

Este texto, além de estreia, é um propósito, é uma caça ao tesouro à minha alma Sandiego. Quem sabe, daqui a um tempo, eu não serei o aldeão que mudará o curso de todo o jogo.

Sobre o autor

Gabi Coiradas

Alguém que não sabe escrever bios otimistas, mas que acaba tentando só para não ser xingada.
Formada em Letras, sonha em ser lida, mas tem suas dúvidas se tem algo a dizer. Sua alma é San Diego.
Bellydancer sempre no básico e fotógrafa sem equipamento, é isso mesmo que dá pra imaginar: uma baita de uma salada cultural