Divã-neando Pensamentos crônicos

Dog Style

Escrito por Leitor / Leitora

O seu dog pode ser a chave para um bloqueio criativo. Que tal dar mais atenção a ele?

Texto: Gabi Coiradas

Na minha busca constante pela dona Alma Sandiego, eu descobri mais um caminho, que acabou sendo algo melhor do que eu esperava. Inusitado, eu diria.

Desde que saí da casa da minha mãe, em 2006/2007, eu não tive mais cachorros. Aqui em Curitiba, eu tive gatos (vários) e mini coelhos, que amei muito. A ideia de ter um cachorro em um apartamento não só me deixava um pouco receosa, porque a educação é um tanto quanto mais complexa do que com os gatos, como também fazia com que eu pensasse na rotina do cachorro, fechado em espaço pequeno, deprimido etc., porque dificilmente fico grandes períodos em casa.

Pois bem, este ano, a moça que divide apartamento comigo falou bastante de ter cachorro, mas sempre pensávamos nos itens que eu disse ali, até que chegamos a uma feira de adoção totalmente por acaso e conhecemos a Bela, uma cachorrinha preta que parecia até meio sedada, tamanho era o sossego dela perto dos outros cães. Nada de latidos, pulos ou frenesi. Encontramos a cachorra perfeita, e como somos duas pessoas com horários trocados, ela não ficaria sozinha tanto tempo. Claro que sempre acontece um ou outro estresse de adaptação, mas, no geral, a Bela se saiu muito bem durante o processo todo (no âmbito sanitário não muito ainda, afinal, já é adulta, sabemos que é difícil).

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(Esta é a Bela, a companheira de buscas)

Mas aonde diabos você quer chegar, Gabriela?

Quero chegar nos passeios com a Bela e como eles têm me ajudado bastante a buscar alguma coisa dentro de mim. Desta vez, é o cachorro que está me levando para passear no meu próprio mundo, ouvindo de início o silêncio do cotidiano, saindo do meu dia atribulado, para depois ouvir apenas o som do que precisa ser cravado na folha, nem que sejam apenas as ideias base, as estruturas de um texto. A Bela está me conduzindo pelo “shopping” criativo sem que eu me desse conta disso antes.

É um momento que nós duas temos e eu posso falar sozinha na rua sem parecer uma maluca descontrolada. Posso observar coisas no meu bairro que normalmente passariam batidas na correria do dia a dia, consigo ver a animação dela descobrindo cada cheiro, cada novo tom de verde da grama e cada lugar em que ela pode fazer xixi. Esses passeios de não mais que 40 minutos canalizam uma concentração que normalmente não vem e acabo pensando em roteiros, plots, situações para textos sem a dificuldade costumeira da folha do Word lá, encarando e acusando. Se você tem vontade de escrever e passa por constantes bloqueios criativos, permita-se sentir as contribuições que os animais podem nos dar para trazer aquela ideia lá da Arcádia. Empresas criativas não deram ponto sem nó quando permitiram que os funcionários levassem o seu bichinho uma vez por semana para o local de trabalho. Eles ajudam a limpar a mente e buscar o que temos de melhor em nossa cabeça e colocar no papel. Alguns até saem “dog style”, tipo este aqui. Animais ensinam, é só você abrir o seu coração para entender as lições.

Vocês ainda vão ouvir falar muito da minha parceira de busca, porque a nossa vida juntas tem apenas duas semanas e a cadela que sorri (sim, ela realmente sorri) ainda vai pegar a Alma Sandiego pela barra do casaco. E vai ganhar todos os créditos pela captura.

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Leitor / Leitora