Tempestade de Cérebros

O seu, o meu, o nosso papel de trouxa

Escrito por Mayara Godoy

Acho que posso afirmar com convicção que todo mundo, em algum momento da vida, já se sentiu feito de trouxa.

Acho que posso afirmar com convicção que todo mundo, em algum momento da vida, já se sentiu feito de trouxa. E, como esta expressão está muito em voga na internet nos últimos tempos, é com ela que seguirei este texto.

Podemos falar que o povo brasileiro está sendo feito de trouxa neste momento, em razão dos recentes episódios do cenário político.

Eu fui feita de trouxa, de uma maneira magistral, num assunto de suma importância que afetou profundamente minha vida no último ano.

Alguém que tenha sido traído num relacionamento também certamente se sentiu bem trouxa ao descobrir o chifre.

E assim seguimos aumentando o rolo do papel de trouxa nosso de cada dia, nessa nossa nada mole vida.

Mas, a gente segue em frente, até ser feito de trouxa de novo.

trouxa
Agora, me digam uma coisa: de quem é a culpa pela nossa trouxidão? De quem é feito de trouxa o de quem faz de trouxa o trouxa?

Acho que a frase ficou confusa.

Vamos reformular.

A culpa é minha, é sua, é do povo brasileiro, por ter dentro de si um pingo de esperança e um restinho de fé na bondade e na honestidade das pessas? Ou é dos maus-caracteres, por não fazerem jus à confiança neles depositada?

Se, num relacionamento, a gente confia no parceiro, e é traído por ele, a culpa é nossa?

Se a gente vota nos políticos acreditando em suas promessas de campanha, e eles não as cumprem e, de quebra, usam o poder para roubar, para obter benefícios para si próprios, para usar a máquina pública para fins escusos, a culpa é nossa ou é deles?

Se eu acreditei numa pessoa que me deu a sua palavra e, ocupando o posto que ocupava, deveria ser merecedor de credibilidade, e no fim das contas acabei por descobrir que era tudo uma grande lorota, a culpa é minha ou é dele?

Vejam bem, a discussão poderia ser infinita, porque há tantas variáveis a serem consideradas: os antecedentes dos “vilões” (por assim dizer); a ingenuidade das “vítimas” (no caso, nós, os trouxas); o contexto em que tudo aconteceu; e assim por diante…

Mas, então, vem a pergunta de um milhão de dólares (cujo câmbio ainda está alto e equivale a vários milhões de reais neste momento):

Como deixar de ser trouxa?

Bem, eu só encontro uma resposta para esta situação: deixando de confiar nas pessoas. Virando um paranoico. Vivendo com os dois pés atrás. Dormindo de olhos abertos.

Mas, e aí, isso é vida?

Acho que eu não consigo ser assim. Eu sempre me recuso, terminantemente, a acreditar na maldade das pessoas. A enxergar o mau-caratismo, a aceitar que tem gente que faz certas coisas por falta de hombridade, por ruindade mesmo. Pois é. Acho que serei eternamente #TeamTrouxa.

Sobre o autor

Mayara Godoy

Palestrante de boteco. Internauta estressada. Blogueira frustrada. Sarcástica compulsiva. Corintiana (maloqueira) sofredora. Capricorniana com ascendente em Murphy. Síndrome de Professor Pasquale. Paciente como o Seo Saraiva. Estudiosa de cultura inútil. Internet junkie. Uma lady, só que não. Boca-suja incorrigível. Colunista de opiniões aleatórias. Especialista em nada com coisa nenhuma.