Divã-neando

Quando eu quero chorar (de propósito)

Escrito por Rose Carreiro

Tudo isso porque tem dias em que eu quero chorar. Sem motivo, ou às vezes por raiva, por estar cansada ou chateada.

Esta semana, fui assistir ao filme água com açúcar do momento: Como Eu Era Antes de Você. Na compra da pipoca, já garanti meus guardanapos extras, e não era porque eu ia sujar a mão de manteiga. Li o livro antes, então tinha certeza de que choraria, mas fui assim mesmo. Tudo isso porque tem dias em que eu quero chorar. Sem motivo, ou às vezes por raiva, por estar cansada ou chateada. Coloco meu DVD de P.S. Eu te Amo no computador, vou pra cozinha e fico esperando o funeral do Gerry enquanto sacudo os ombros diante da pia.

Pode ser uma maluquice minha, mas é libertador. Nada como, depois de um dia de m…urphy, chegar em casa e tomar um banho quente ao som de Celine Dion cantando All By Myself, enquanto me encolho e escorrego pela parede do box. Muito dramático, eu sei. Funciona? Como uma caixa de bombons ou uma taça de vinho, só que sem calorias.

Volta e meia, me obrigo a chorar como um processo de sessões de descarrego emocional. Se essa lavagem de alma não acontece, pode contar que qualquer propaganda da Pedigree vai me fazer passar vergonha. E daí em diante são dias de ouvir Amy Whinehouse e Adele, e de fazer penteados estranhos.

Às vezes, é preciso soltar uns grunhidos e chorar até ficar tonta. Não ajuda muito no dia seguinte, quando eu vou passar delineador e minhas pálpebras parecem beiradas de um bolo que cresceu demais, mas é terapêutico. Funciona comigo, e com cem por cento das mulheres do meu convívio. O choro precisa sair, então é melhor chorar de propósito.

Sobre o autor

Rose Carreiro

Nascida num 20 de Outubro dos anos 80. Naturalmente petropolitana, com passaporte carioca. Flamenguista pé frio e expert em não se aprofundar em regras esportivas. Fã de Verissimo – o Luis Fernando – e Nelson, o Rodrigues (apesar de tudo). Poser. Pole dancer com as melhores técnicas para ganhar hematomas. Amadora no ofício de cozinhar e fazer encenações cômicas baratas. Profissional na arte de cair nos bueiros da Lei de Murphy.