Pensamentos crônicos

A arte de desplanejar

Escrito por Brunno Lopez

Bagunce. Tirar as coisas do lugar é um jeito admirável de colocar ordem em alguém.
Não procure pontos em comum, encante com o que tiver de contrário.
Quem bebe curiosidade não tem ressaca.

Todas as vezes que a vida fizer malabarismos no sinal, ofereça uma moeda. Verifique seus bolsos cheios de emoções quase vividas e estenda. Sem o caos ou qualquer adversidade que aniquile pasmaceiras, sua existência pode até ter sinal verde mas a velocidade permitida é tão baixa que você vai acabar dormindo no volante.

Abrace o imponderável. Convide o acaso pra sair e rasgue as frases feitas. Aceite começos e meios mas não tente escrever finais. Às vezes não estar preparado é o recurso perfeito para se sentir exatamente o que existe de melhor no seu cotidiano.

A chance não é meio ambiente para se ficar preservando. Assim como uma escola de samba atrasada no meio da avenida, ela passa voando.
Até o mais desastrado não perde oportunidades, por que você seria o primeiro na fila dos achados e perdidos?

Vá além das saudades, deixe marcas. Crie um feriado nacional no dia daquela pessoa.
Só somos inesquecíveis quando não temos a pretensão de ser. Não impressionar, impressiona.

Bagunce. Tirar as coisas do lugar é um jeito admirável de colocar ordem em alguém.
Não procure pontos em comum, encante com o que tiver de contrário.
Quem bebe curiosidade não tem ressaca.

Não é sobre olhar pra trás e ter histórias pra contar.
É sobre olhar pra frente e ver que dá pra fazer tudo de novo e melhor.

Sobre o autor

Brunno Lopez

Um ilustrador de palavras que é a favor de tudo que é do contra. Um publicitário que não faz propaganda.
Um otimista aposentado que dá um tapa nas costas da vida enquanto o resto do mundo a empurra existência abaixo.
Um compositor de letras cotidianas sob um violão desafinado.
Um desenhista de verbetes que tem muitas certezas sobre as próprias dúvidas e acredita que o amor não passa de um tapete mágico que sobrevoa as misérias humanas.