Hoje, eu discuti com o Universo.
Discuti feio, aos gritos acalorados, quase que lhe dei um tapa na cara. Não é a primeira vez que discordo de certas atitudes que ele toma, por vezes tão bem pensadas quanto as de um adolescente com hormônios a borbulhar e poucos motivos para ter ódio do mundo.
Talvez seja essa a razão das minhas diferenças com ele, essa impetuosidade, essa mania de brincar com o que a gente leva a sério, como se consequência alguma existisse depois. É, temos uma criança a comandar o nosso destino e ela pouco entende dos nossos sentimentos. Sentiram o drama?
Nós nunca vamos nos entender completamente, porque eu já estou cansada de pedir que ele pense duas vezes antes de rolar os seus dados, que seja mais afavel e menos propenso a não interferir em fatalidades. O que custava dar aquela enganada no ceifeiro, para que desta vez ele não passasse….sabe como é, tem tanto trabalho por aí que seria bem-vinda uma reorganização das prioridades, gente jovem tem muita estrada pra correr antes de tropeçar na foice.
Acho que é melhor assim, eu cá, Universo lá. Aqui embaixo já tá cheio de relações sem coração, vou me economizar de mais uma.
Mas vingança é mais gostosa fria, e o que é seu, Universo, tá guardado. Guardado em cada um que você deixa ir embora mais cedo. Você mal pode esperar os retornos, minha criança…
Agora vai, vai embora e me deixa. Não quero mais ouvir a sua voz, suas justificativas mimadas de que “tinha que ser assim”.
Uma ova.
E fecha essa droga de porta quando sair.