Desacato

Diga não.

Escrito por Mayara Godoy

Se tem uma coisa boa que o passar dos anos me trouxe [não quero mencionar os quilos a mais e o início das rugas se formando na minha face] foi a serenidade e a capacidade de dizer não.

Vou dizer pra vocês: liberdade semelhante só é experimentada quando chegamos em casa e podemos tirar o sutiã.

Eu costumava ser aquela pessoa que queria ser “parceira” pra todas as horas. Não importava se eu estava doente, sem dinheiro, cansada ou simplesmente não estava a fim. Se alguém me convidasse para alguma coisa, eu me sentia na obrigação de ir. Eu achava que, assim, estava sendo uma boa amiga, uma boa companhia, uma pessoa com quem se podia contar.

Perdi as contas das vezes em que compareci a algum evento porque a convenção social me obrigava. E perdi as contas, também, de quantas vezes me senti sozinha, deslocada, irritada, frustrada, angustiada e chateada.

Mas, chegou um dado momento da minha vida em que eu resolvi parar de me autoflagelar dessa maneira. Eu entendi que eu não preciso que todo mundo goste de mim, e preciso menos ainda que todo mundo goste de mim a qualquer custo, ou por algo que eu não sou.

Então hoje eu não preciso mais de um pretexto pra dizer não para alguma coisa. Não preciso ter um outro compromisso previamente marcado para poder me liberar de um rolê. “Não estou a fim” é motivo suficiente para mim.

Eu sei que algumas pessoas ficam chateadas ao ouvir um não. Provavelmente a maioria. Mas, paciência. Sou da opinião de que, se tem uma coisa que eu não sou, essa coisa é: obrigada. E eu ainda acho que vale mais um “não estou a fim” sincero do que um “eu já tenho outro compromisso” falso.

Além do mais, olhando em retrospecto, eu já levei muitos “nãos” também. E continuo aqui, vivona.

Então, bora se libertar dessas amarras sociais. Tá liberado dizer não. Por mais que às vezes não pareça, sua vida e suas vontades só dizem respeito a você. E você não deve satisfações a ninguém.

Sobre o autor

Mayara Godoy

Palestrante de boteco. Internauta estressada. Blogueira frustrada. Sarcástica compulsiva. Corintiana (maloqueira) sofredora. Capricorniana com ascendente em Murphy. Síndrome de Professor Pasquale. Paciente como o Seo Saraiva. Estudiosa de cultura inútil. Internet junkie. Uma lady, só que não. Boca-suja incorrigível. Colunista de opiniões aleatórias. Especialista em nada com coisa nenhuma.