Amor é prosa

Você sempre diz que me ama

Escrito por Patrícia Librenz

Você pode não saber disso, mas você diz o tempo todo que me ama. Até mesmo no silêncio do seu sono, quando, inconscientemente, me abraça de conchinha e, apesar de estar dormindo profundamente, beija meu ombro de forma involuntária. 

Toda vez que chove e você se oferece para me buscar no trabalho, você diz que me ama. Você diz que me ama quando me manda um áudio no whatsapp avisando que descascou e picou todas as frutas, e que elas estão em potinhos na geladeira.

Sempre que você me liga, no meio da correria que muitas vezes é o seu dia a dia, e pergunta se quero almoçar contigo, você também diz que me ama. Você diz que me ama até mesmo quando me manda um print de alguma coisa mal-escrita, porque sabe que vou rir daquilo. 
Quando você se preocupa se tenho o que comer e se oferece pra ir buscar o meu lanche, no único lugar da cidade que vende hambúrguer sem glúten, você também diz que me ama.

Você diz que me ama toda vez que deixa de atender um cliente seu para poder ficar comigo ou me levar a algum lugar. Você diz que me ama até mesmo quando você tenta impedir que eu gaste o meu dinheiro com besteira (nesse quesito, quase nunca você obtém sucesso, mas mesmo assim, você nunca deixa de tentar; e o fato de você sempre tentar algo, mesmo que seja pequeno e tolo, demonstra que você não desiste de mim tão fácil).

Você diz que me ama quando usa nossa aliança pendurada no colar que eu te dei; quando dá um beijo antes de sair, apesar de eu estar dormindo; quando fala que sou linda, mesmo eu estando acabada, jogada no sofá, sem nenhum glamour; quando me dá satisfação de onde está, mesmo sem eu te perguntar; quando já terminou de almoçar e me espera pacientemente, sem me apressar, que eu termine minha refeição (mesmo com minhas longas pausas para conversa tola entre uma garfada e outra); você nunca reclama se precisa me esperar dentro do carro porque dormi demais, mesmo que esteja fazendo um calor de 45 graus, e essa também é uma forma de dizer que me ama.

Você pode não falar verbalmente todos os dias, mas a cada pequeno gesto seu, você diz o quanto me ama. E só espero que eu consiga retribuir este amor.

Sobre o autor

Patrícia Librenz

Mãe de dois gatos, um autista e outro que pensa que é cachorro. Casou com um veterinário, na esperança de um dia terem uns 837 animais. Gaúcha no sotaque, pero no mucho nos costumes. Radicada em Foz do Iguaçu desde 2008, já fez mais de 30 mudanças na vida. Revisora de textos compulsiva, apaixonada por dicionários. A louca do vermelho. A chata que não gosta de cerveja. A esquisita que não assiste a séries. Dona da gargalhada mais escandalosa do Sul do Mundo. Mestra em Literatura Comparada, é fã de Machado e Borges, mas ignorante de Clarice Lispector e intolerante a Paulo Coelho. Não necessariamente nessa ordem.