Hoje eu decidi andar na contramão de todas as regras, sair do óbvio e da modinha de ser uma pessoa crítica. Hoje eu resolvi ver o lado bom das pessoas e de todas as situações. Tirei o dia para prestar melhor atenção no cotidiano e nos pequenos segundos que fazem toda a diferença.
Voltei meu olhar para aquela pessoa gentil, que me cedeu a vez na fila do mercado, para o moço que segurou o elevador para eu entrar, para a idosa que parou o trânsito para eu passar, para o garotinho que me ofereceu uma pipoca na fila do banco, para a neném que me deu um sorriso na praça. Olhei para o meu amigo, que me deu horas da sua atenção enquanto eu fazia palestra sobre um assunto chato, para o homem que, sem me conhecer tão bem, me indicou para um grande projeto de trabalho, para aquela amiga que me deu suas roupas prediletas, para o morador de rua que me deu um olhar grato, para aquela criança que pegou na minha mão e disse que eu sou muito legal.
Cansei de só notar as situações que achava que me desagradavam, enquanto mil outras coisas importantes aconteciam rapidamente e se renovavam em apenas um dia que nem de sol era.
Preciso fazer disso um hábito, para provar sempre das virtudes tônicas da gratidão por não estar aqui meramente de passagem. Nesse mundo, por vezes tão cruel e assustador, é preciso a todo instante celebrar a saúde e a vida.
No meu relatório de evidências de hoje consta que o amor não é para ser mendigado, e ele está por todos os lados, nas suas mais diversas formas, carece apenas de um bom olhar.
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