Já tive a experiência de um relacionamento duradouro, no qual, por longos (quase) 7 anos, entre idas e vindas, dividimos o mesmo teto. Alguns chamam isso de casamento, outros de união estável… eu preferia chamar de “união instável”. Nesse período, pude constatar que eu não fui criada para ser a esposa perfeita.
Por um tempo, até me esforcei para ser aquela esposa dos tempos das nossas avós, que faz comida e deixa a casa sempre brilhando, mas era um sacrifício tão grande, que me frustrava imensamente por ter que fazer aquilo tudo sozinha. Só eu lavava a louça, só eu tirava o lixo pra fora, só eu limpava a caixa de areia dos gatos e o banheiro da cachorrinha, só eu trocava as roupas de cama, só eu limpava o chão, só eu lavava as roupas (inclusive as dele! – que ainda reclamava quando elas demoravam a reaparecer no roupeiro).
Só eu, só eu, só eu! E eu, sempre muito questionadora, indagava em nossas “DRs” – “por que só eu tenho que fazer essas coisas?”. Por quê, caros leitores?
Às vezes, eu desconfio que alguns homens procuram uma empregada doméstica, sem custos e com benefícios, e não uma parceira. Justamente por isso, eu digo que eu vivi uma “união instável”: nesses anos todos, as brigas, motivadas pela não divisão das tarefas domésticas, eram constantes e desgastantes. Muita gente diz: “Ah, mas esse é o menor dos problemas em um relacionamento” ou, ainda (eu adoro esta): “Homem é assim mesmo”. Bom, eu acho que o problema é muito mais profundo do que deixar a sua louça suja na pia para o outro lavar: sobrecarregar outra pessoa com coisas das quais ela não gosta de fazer é não ter consideração alguma por ela. E esse é o ponto! Falta respeito quando se age assim.
As mulheres de hoje não querem mais ser como suas avós – e não somos! Hoje em dia, trabalhamos fora, dividimos a conta do restaurante, pagamos metade das contas da casa, queremos fazer mestrado e doutorado e necessitamos de tempo para ir à academia. É inadmissível termos dupla rotina!
Uma mulher que paga suas contas sozinha, tem um bom emprego, muitos amigos e dirige seu próprio veículo não vai aceitar ser a empregada doméstica na vida de ninguém – nem deve aceitar isso! Não fomos criadas para essa vidinha medíocre.
O problema é que nossos pais, os mesmos que criaram essas mulheres incríveis, que não estão no mundo para se submeter à vontade de homem algum e que, portanto, têm muito mais autoestima do que suas mães e avós, ainda criam os filhos homens como verdadeiros bunda-moles, que não sabem fazer nada dentro de uma casa e esperam que suas esposas/namoradas/companheiras sejam a extensão de suas mães. A maioria dos pais deseja, para o seu filho, uma nora que seja o oposto de sua filha, e que seja totalmente dedicada a ele, a casa e à família.
Então, rapazes, deixa eu lhes contar uma novidade agora: nós não somos a porra da sua mãe! Não temos a obrigação e, tampouco, queremos assumir o papel da pessoa que vai fazer tudo para você dentro de casa. Então, acorda, querido… desperte para a vida. Como? Que tal começar sendo menos babaca?
Eu, por exemplo (e sei que posso falar por mim e por mais uma dúzia de amigas solteiras), simplesmente não tenho a menor vocação para abrir mão da tranquilidade, liberdade e tempo livre que tenho hoje para ficar me preocupando com a roupa limpa e/ou arrumando a bagunça de outra pessoa (adulta, diga-se de passagem!).
Se um homem me quiser, ele terá de ser muito incrível e desapegado desses valores familiares para conseguir ficar comigo, porque eu não faço o tipo “namorada dedicada”, que limpa o seu apartamento enquanto você assiste a uma partida de futebol na televisão.
Saí daquele casamento com um defeito seríssimo: eu só consigo retribuir aquilo que recebo. Não dou mais, nem menos do que me dão. Se um homem deixar de demonstrar que se importa comigo (e, sim: esperar que eu faça por ele algo que ele não faz por mim é não se importar), eu perderei o interesse rapidamente.
É por essas e outras que digo que, definitivamente, “não sou pra casar”! Não com um homem tradicional…