Parece piada, mas sou eu. Bom, talvez seja uma piada.
A criatividade vem das mais variadas fontes: corações partidos, noites mal dormidas, tédio… Até hoje, minha inspiração veio das vezes em que meu coração ficou em frangalhos, ou de momentos em que papel e caneta estavam fora de alcance — ou mesmo o teclado.
Mesmo com a inspiração, vem a pausa. Longa e dramática. Esse texto foi pausado aproximadamente 12 vezes entre idas ao banheiro, distrações na internet, brincar com o cachorro, fazer comida e efetivamente comê-la, até algumas semanas de felicidade intensa e bloqueio criativo. Esse texto voltou à prateleira dos rascunhos, por não fazer sentido no momento em que vivo, ou vivia.
Em abril, estive de férias, e tanto tempo livre me fez passar por uma explosão de sentimentos que há tanto tempo não lembrava como eram, de onde vinham e o que causavam. De uma forma louca, encontrei o amor nessa folga. O amor próprio, o amor pelas pequenas atitudes, o amor pelas amizades, e aquele amor que faz você se entregar, mesmo sem saber se partirá seu coração em mil pedaços — que vai ficar pra um outro texto, lógico.
Sobre o amor surgir nesse intervalo, deve ser porque sempre acreditei que fazemos compensações ao longo da jornada. Compensações, estas, escolhidas antes mesmo de nascermos. Ora temos o amor da nossa vida, ora temos o emprego dos sonhos, ora temos a família do comercial de margarina. Mas nunca tudo ao mesmo tempo.
Poderia também discorrer uma tese sobre como a vida nos dá um sacode ao primeiro sinal de conformismo, seja um emprego meia-boca que nos dá segurança, ou um relacionamento que já não é mais positivo, mas que nos faz acreditar que o amor nem sempre é de cinema. Um claro sinal de que é a hora de se inspirar e mudar tudo ao redor.
Mude o cenário.