Não sei se são os 30 chegando, não sei se ando numa fase meio monge budista, não sei se é efeito colateral de algum remédio estragado, mas sei que aprendi que algumas coisas não valem nosso desgaste mental e, principalmente, emocional.
E uma das coisas que eu compreendi foi que conhecimento é muito diferente de sabedoria – e a prova disso é que a sabedoria não pode ser medida em carga horária, nem ser comprovada através de um diploma.
A sabedoria vem através dos anos, das experiências, das reflexões, do amadurecimento, da quebra de pré-conceitos, da abertura para novos pontos de vista, da empatia e, sobretudo, da humildade.
Em tempos de guerras virtuais e de verdades absolutas, vejo muita gente culta e instruída que, porém, não é nem um pouco sábia. O oposto também é completamente verdadeiro.
Mas, vaidade e soberba estão em alta na estação, e os detentores da razão digladiam-se com ferocidade, armados de opiniões devastadoras, como se lutassem a batalha do século.
Eu, que sou só mais uma qualquer entre sete bilhões, fico aqui só observando, enquanto degusto meu café e tento aprender um pouco sobre essa catástrofe chamada mundo.
Enquanto isso, já que ainda não sou sábia, nem tão culta assim, vou tentando praticar a serenidade e desviar das tretas. Vou me fazendo de cega, surda, muda e louca, e não pego pra mim as maledicências e as negatividades.
Espero, um dia, atingir um nível de elevação espiritual que me permita dizer, com a mesma complacência de minha saudosa avó: “Deixa estar, minha filha”. É. Deixa estar.