Não é possível determinar muito bem o momento em que uma menina – ou moça – se transforma efetivamente em mulher.
E, não, não tem nada a ver com o momento em que ela tem sua primeira menstruação ou relação sexual.
Também não tem nada a ver com a idade.
Acredito que isso seja um processo, longo, pelo qual todas nós passamos, e o tempo e a forma como acontece é sempre muito particular.
Eu mesma comecei a me ver como mulher – e não mais como menina – há pouquíssimo tempo. E não é como se, do dia para a noite, você se olhasse no espelho e pensasse “ah, agora sou mulher”. Não mesmo. Há diversos sinais que a gente precisa interpretar, várias peças que a gente precisa encaixar, até chegar a esse veredito.
Mas hoje não posso mais negar esta verdade latente. Eu não sou mais uma menina; sou uma mulher.
Uma mulher que passou por inúmeras dificuldades, frustrações, que chegou ao fundo do poço, mas, em algum momento, encontrou as forças necessárias para levantar a cabeça e galgar seu lugar ao sol. Que nunca se viu tão corajosa e segura de si quanto agora.
Uma mulher que sempre vai ser a menininha do papai, mas que, ainda assim, é uma mulher. Que não é a mulher de ninguém, e nem é mãe, mas não é menos mulher por isso.
Uma mulher que chora, que sangra, que agride e se defende se preciso. Mas, uma mulher, com todas as suas fragilidades.
Uma mulher que passou a aceitar – e a assumir – seus cabelos volumosos, seu corpo também igualmente volumoso e compreendeu que suas imperfeições não precisam ser necessariamente defeitos. Que não tem mais a ânsia de provar nada para ninguém, senão para si mesma.
Uma mulher que não tem medo de dizer o que pensa, mas, às vezes, prefere deixar certas coisas pra lá, em nome da paz de espírito. Que tem mais dúvidas do que certezas – e agradece por isso, pois se vê constantemente em evolução a partir de seus questionamentos.
Uma mulher que já errou (e muito!), já se arrependeu, já pediu perdão e já pagou o preço por isso. E que hoje é livre de seus pecados. Que não tem vergonha de mudar de opinião e, pelo contrário, enxerga isso como crescimento.
Uma mulher que ainda acredita na bondade das pessoas, mas que finalmente aceitou que também existe a maldade e que às vezes ela vem de onde menos se espera. Que aprendeu que, muitas vezes, a gente precisa se afastar de algumas pessoas, lugares e hábitos, por mais difícil que pareça.
Uma mulher que se arruma se quiser, que sai de casa de cara lavada se quiser, porque sabe que a beleza está na felicidade, na espontaneidade, em sentir-se confortável em si mesma, e que o resto são só acessórios. Que descobriu em si mesma sua melhor companhia, e aprendeu que ficar sozinha é diferente de estar na solidão. E que, acima de tudo, aprendeu a valorizar as verdadeiras boas companhias – e a selecioná-las melhor.
Uma mulher que despiu-se de toda a inveja, dos sentimentos mesquinhos, e aprendeu a sempre afastar os maus pensamentos quando eles ousam aparecer. Que se ama, que se cuida, que se valoriza e que, acima de tudo, se permite.
Uma mulher que hoje enxerga as coisas de maneira mais simples, que vive a vida mais leve, que aprecia as pequenas coisas. Que não tem medo, nem vergonha, de demostrar seus sentimentos; aliás, que não se priva de sentir tudo verdadeira e profundamente.
Uma mulher que dá a cara a tapa, arregaça as mangas, é pau pra toda obra e mesmo assim não perde a classe. Que, como diria Daniela, sabe que a vida é bonita e é bonita e é bonita.
Uma mulher que é, tão somente e apenas, uma mulher, com toda a dor e a delícia que envolve ser nada mais, nada menos, que uma mulher.