Não sei o que sinto por uma nova idade. Naturalmente, não é uma data incrível pra mim, nunca foi. Já gostei mais, já gostei menos, mas costumava ser apenas um motivo pra fazer aquilo que mais gostava, reunir os amigos e fazer uma bagunça. De longe, não foi possível, mas o lamento nem é esse. Na realidade, não vim me lamentar, apenas fazer algumas considerações.
Quase 30 anos. Sonhei muita coisa para os meus 30 anos. Agora sou obrigado a confessar que, a menos que os próximos 300 e tantos dias sejam absurdos, loucos e espetaculares, não conseguirei chegar aonde eu queria. Me conformei com algumas derrotas aprendendo com elas, consegui perceber que tive algumas vitórias, mas o sabor não é de tudo aquilo que eu queria.
Mesmo mudando planos e reajustando projetos, devo admitir que estou razoavelmente longe de onde eu gostaria de estar aos 30. Minhas opções não são mais as mesmas e, ao contrário do que acontecia há dez ano, não acredito mais que eu tenha todo tempo do mundo e que vencer seja mera questão de tempo.
A soberba ficou pra traz. A nota triste é que, de certo modo, ela carregou consigo um pouco da autoconfiança e do vigor. Algumas vezes eu já me sinto tão cansado de tudo. Estou chegando aos 30, mesmo que falte quase um ano, mas mesmo sempre tendo sido “velho”, não estou sabendo entender direito esse papo de envelhecer.
De vez em quando eu lamento ter deixado o sorriso adormecer, ter aprendido a sonhar um pouco menos e ter deixado o pessimismo tomar conta, mas eu ainda estou de pé e me esforçando para que eu permaneça conservando a fome de fazer a diferença em alguma coisa.
O corpo começa a se ressentir de algumas estripulias, a cabeça ainda responde bem, mesmo sendo mais difícil aprender coisas novas. Por vezes tenho vontade de recusar a ideia do envelhecimento, mas não tem jeito. Tenho tentado ser mais paciente e flexível com as pessoas, mas não sei se isso me agrada ou faz bem.
Aquele papinho de que os 30 são os novos 20 deve ser bonito para os tais millenials. Pra geração que ficou entre a formação original do Barão Vermelho e a morte do Cazuza as coisas não são assim tão floridas, mesmo que alguns consigam.
Meus 30 anos vão chegar já já, mas já que eu não estarei onde eu projetei, acho que só quero aprender e me entender. Também quero uma cerveja gelada e meus amores por perto. Quem sabe eu possa rir disso tudo aos 60. Quem sabe eu nem chegue aos 40, vai saber.
Que o próximo ano venha me dando calma e compreensão. Quando eu chegar aos 30, eu conto como me sinto. Mas ainda falta mais um pouquinho.