Entre todas as sensações que me causam repulsa e desconforto o ciúme é, de muito longe, a pior delas.
Tem quem ache fofo, é bem verdade. Tem quem provoque, vai entender! Tem até quem sinta tesão nisso. Tem também quem se autoflagele com a sensação – sou desses.
Embora entenda e respeite as vertentes, correntes e preferências do infinito particular de cada um, não o quero pra mim.
Sou tolerante e compreensivo com as pessoas ciumentas. Em doses homeopáticas, talvez ache até fofo, admito. Talvez não me irrite ser alvo de um ciúme comedido, embora não veja razão pra isso.
É complicado explicar, eu sei. O ciúme me gera constrangimento, fragilidade e culpa. Ao contrário daqueles que dizem que quem ama cuida, prego a liberdade pelo amor, ou o amor pela liberdade, não sei. O tempo me ensinou que amor e liberdade deveriam caminhar juntos, eu só resolvi acreditar nisso.
Sempre que me pego com ciúmes, me sinto uma espécie censor da beleza das coisas. Algo que se assemelha a um capitão-do-mato dos sentimentos mais deliciosos da vida.
Esse looping sentimental é de acabar com a mentalidade sã de uma pessoa que se esforça na busca pela normalidade. Esconder para não parecer ridículo? Contar e se sentir culpado? Deixar que isso passe e se resolver consigo e com a situação o mais rápido possível?
Parece ser ideal não sentir. Doses cavalares de cuidados e respeito a tudo que é do outro são boas alternativas (começo por telas de celular e redes sociais), mas de vez em quando a vida atenta e você tropeça em algo que com ou sem sentido te bate.
Saber o que se tem, ter segurança no que se vive e sentir verdade no que se troca com o outro também é excelente! Mais que isso, é fundamental. Mas apesar desse ser um bom caminho, ele não funciona como um elixir de imunidade.
Enquanto alguns aprendem a conviver com isso ou acham graça, eu me afasto de tudo e trato as relações com base na fé no outro. Me parece razoável e mais fácil do que me perdoar pela sensação de ter “pecado” sentindo tudo isso.
Ainda me livro do maldito.