Divã-neando

Sai de mim, ciúme!

Escrito por Thigu Soares

O tempo me ensinou que amor e liberdade deveriam caminhar juntos, eu só resolvi acreditar nisso.

Entre todas as sensações que me causam repulsa e desconforto o ciúme é, de muito longe, a pior delas.

Tem quem ache fofo, é bem verdade. Tem quem provoque, vai entender! Tem até quem sinta tesão nisso. Tem também quem se autoflagele com a sensação – sou desses.

Embora entenda e respeite as vertentes, correntes e preferências do infinito particular de cada um, não o quero pra mim.

Sou tolerante e compreensivo com as pessoas ciumentas. Em doses homeopáticas, talvez ache até fofo, admito. Talvez não me irrite ser alvo de um ciúme comedido, embora não veja razão pra isso.

É complicado explicar, eu sei. O ciúme me gera constrangimento, fragilidade e culpa. Ao contrário daqueles que dizem que quem ama cuida, prego a liberdade pelo amor, ou o amor pela liberdade, não sei. O tempo me ensinou que amor e liberdade deveriam caminhar juntos, eu só resolvi acreditar nisso.

Sempre que me pego com ciúmes, me sinto uma espécie censor da beleza das coisas. Algo que se assemelha a um capitão-do-mato dos sentimentos mais deliciosos da vida.

Esse looping sentimental é de acabar com a mentalidade sã de uma pessoa que se esforça na busca pela normalidade. Esconder para não parecer ridículo? Contar e se sentir culpado? Deixar que isso passe e se resolver consigo e com a situação o mais rápido possível?

Parece ser ideal não sentir. Doses cavalares de cuidados e respeito a tudo que é do outro são boas alternativas (começo por telas de celular e redes sociais), mas de vez em quando a vida atenta e você tropeça em algo que com ou sem sentido te bate.

Saber o que se tem, ter segurança no que se vive e sentir verdade no que se troca com o outro também é excelente! Mais que isso, é fundamental. Mas apesar desse ser um bom caminho, ele não funciona como um elixir de imunidade.

Enquanto alguns aprendem a conviver com isso ou acham graça, eu me afasto de tudo e trato as relações com base na fé no outro. Me parece razoável e mais fácil do que me perdoar pela sensação de ter “pecado” sentindo tudo isso.

Ainda me livro do maldito.

Sobre o autor

Thigu Soares

Um ex-jovem sempre velho que sonhou ser escritor. Blogueiro bissexto, cronista por vocação, "publicizeiro" totalmente por acaso. Intenso, exagerado, mal humorado, ácido e corrosivo. Leal, amigo e um pouco mentiroso. Flamenguista, carioca e pai de dois Pugs lindos. Luto contra a balança e brigo com a tarja preta. Já quis salvar ou o mundo, mas dá muito trabalho, mas dá preguiça… Mesmo sem fazer isso direito, tento seguir rabiscando como dá. É bom pra combater ou manter a loucura.