Divã-neando Pensamentos crônicos

O impossível

Escrito por Mayara Godoy

Perder-se em devaneios e possibilitar-se viver outras realidades, ainda que seja tudo apenas imaginação.

Todas as noites, ao deitar-me para dormir, inicia uma batalha épica: meu corpo, exausto, implora para dormir, enquanto minha mente, sempre ligada no 220V, se recusa a desligar. O duelo é real.

Há momentos em que meu cérebro, sempre masoquista, gosta de se autoinfligir sofrimento rememorando momentos, conversas e pessoas que nunca ficaram bem resolvidas.

Em questão de segundos, dou um passeio pela escola, durante o Ensino Fundamental, e me lembro dos colegas que tiravam sarro do meu cabelo ou do meu gosto musical. No momento seguinte, estou em uma discussão familiar na qual saí arrasada, mas preferi me calar para evitar maiores problemas. Dali a pouco, estou de volta ao presente, com aquele vácuo deixado por uma mensagem de texto não respondida. E finalizo com um nó na garganta causado por uma situação de estresse no trabalho que me incomoda há semanas.

Em outros momentos, os pensamentos escapam e voam longe, tal qual um balão de gás hélio quando a gente deixa escapar o cordão. Nessas horas, a imaginação toma conta e vai a perder de vista.

Faço viagens, encontro amores, vivencio experiências novas, transformo totalmente a minha vida e finalmente consigo dizer todas as coisas que nunca tive coragem. Liberto-me de todas as angústias e amarras, resolvo todos os meus problemas. Nesses momentos, sou livre, corajosa, verdadeira e feliz.

Perco minutos – horas, até – me revirando na cama, rearranjando os travesseiros, procurando uma posição confortável, enquanto minha mente divaga e fantasia estas situações e diálogos absolutamente impossíveis.

Mas, não sou eu quem sabota meus próprios devaneios dizendo a mim mesma que são impossíveis.

Quem faz isso é a vida.

Eu continuo sonhando.

Sobre o autor

Mayara Godoy

Palestrante de boteco. Internauta estressada. Blogueira frustrada. Sarcástica compulsiva. Corintiana (maloqueira) sofredora. Capricorniana com ascendente em Murphy. Síndrome de Professor Pasquale. Paciente como o Seo Saraiva. Estudiosa de cultura inútil. Internet junkie. Uma lady, só que não. Boca-suja incorrigível. Colunista de opiniões aleatórias. Especialista em nada com coisa nenhuma.

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