Ar condicionado. Alarme de carro. Barulho de obra. Máquina de cortar grama. Despertador. Cachorro latindo. Carros passando. Música alta no vizinho. Telefone que toca. Porta que bate. Criança chorando.
Nosso cotidiano é permeado por barulhos. A poluição sonora é altíssima e quase inescapável. Tem dias em que tudo o que a gente implora é por um pouco de silêncio.
Mas tem aqueles sons que nos acalmam e acalentam. O barulho do chuveiro ao final de um dia difícil, o chiado da chaleira fervendo água para preparar um café, uma música da nossa banda favorita. Nossa audição pode sofrer com sons invasivos e irritantes, mas também pode nos agraciar com esses pequenos sons que nos trazem um pouco de aconchego.
Em meio ao caos da cidade, nos distraímos com buzinas e sirenes, mas somos imediatamente transportados para nosso lugar de paz com um áudio da pessoa amada. Deixamos de nos irritar instantaneamente com o barulho da construção ao ouvir a gargalhada de um bebê. Nos acalmamos de todo e qualquer dissabor ao som da latinha de cerveja abrindo após o fim do expediente. Aprendemos a arte da contemplação ao prestar mais atenção no canto de um pássaro que no escapamento da moto barulhenta.
Nossos cinco sentidos são uma dádiva, e a audição pode nos proporcionar experiências únicas – algumas boas, outras nem tanto. Só cabe a nós aprender a diferenciar o que é barulho e o que é poesia em ondas sonoras.