Divã-neando

Ruídos

Escrito por Mayara Godoy

Através da audição, podemos ser invadidos por um sem fim de sensações: desde irritação até prazer.

Ar condicionado. Alarme de carro. Barulho de obra. Máquina de cortar grama. Despertador. Cachorro latindo. Carros passando. Música alta no vizinho. Telefone que toca. Porta que bate. Criança chorando. 

Nosso cotidiano é permeado por barulhos. A poluição sonora é altíssima e quase inescapável. Tem dias em que tudo o que a gente implora é por um pouco de silêncio

Mas tem aqueles sons que nos acalmam e acalentam. O barulho do chuveiro ao final de um dia difícil, o chiado da chaleira fervendo água para preparar um café, uma música da nossa banda favorita. Nossa audição pode sofrer com sons invasivos e irritantes, mas também pode nos agraciar com esses pequenos sons que nos trazem um pouco de aconchego.

Em meio ao caos da cidade, nos distraímos com buzinas e sirenes, mas somos imediatamente transportados para nosso lugar de paz com um áudio da pessoa amada. Deixamos de nos irritar instantaneamente com o barulho da construção ao ouvir a gargalhada de um bebê. Nos acalmamos de todo e qualquer dissabor ao som da latinha de cerveja abrindo após o fim do expediente. Aprendemos a arte da contemplação ao prestar mais atenção no canto de um pássaro que no escapamento da moto barulhenta. 

Nossos cinco sentidos são uma dádiva, e a audição pode nos proporcionar experiências únicas – algumas boas, outras nem tanto. Só cabe a nós aprender a diferenciar o que é barulho e o que é poesia em ondas sonoras. 

Sobre o autor

Mayara Godoy

Palestrante de boteco. Internauta estressada. Blogueira frustrada. Sarcástica compulsiva. Corintiana (maloqueira) sofredora. Capricorniana com ascendente em Murphy. Síndrome de Professor Pasquale. Paciente como o Seo Saraiva. Estudiosa de cultura inútil. Internet junkie. Uma lady, só que não. Boca-suja incorrigível. Colunista de opiniões aleatórias. Especialista em nada com coisa nenhuma.

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