Não acredito que o amor, para nascer, demande primordialmente a troca. Creio que o principal ingrediente do amor seja ele mesmo. Podemos perfeitamente – e quantas vezes não o fazemos – amar sem sermos correspondidos, amar sem sequer recebermos correspondências.
O problema é que o amor, de forma prática, geralmente demanda retorno, carne, afeto, contato, segurança e certa prioridade. É complicado tratar um amor como alternativa. Para que o amor cresça, é preciso que as partes sejam prioritárias.
É na disposição que até mesmo os opostos se atraem e se unem. Prioridades somam, alternativas distraem. Não considero viável o florescimento de um amor que não conhece o primeiro lugar da lista. É falta de querer, pra mim, falta de amor.
Amar é fácil, é como ligar um carro. A dificuldade reside na continuidade. O “trânsito” de cada dia acaba com as falsas expectativas, sufoca a beleza daquilo que nossa literatura barata cria e afoga aquela sacralidade que envolve o que chamamos de amor. Como qualquer atividade, requer prática, compromisso, suor, proximidade. Sem querer, não acontece.
Claro que é sempre muito bom lembrar que essa disposição deve existir dos dois lados. Uma andorinha só não faz verão. Uma pessoa só não faz um amor crescer. Ele pode até nascer de um só, mas sem o outro, morre. Ou congela, gera aquela dor característica do sabor daquilo que não chegamos a provar realmente.
Para que ele aconteça, basta que existam dois e disposição. Brilho nos olhos e disposição. Frio na barriga e disposição. Saudade e disposição. Quando temos isso, nada mais importa, nada. Família, dinheiro, status no Facebook, dilúvio, distância, dieta… NADA.
Só amor…
E disposição.