Quando eu era adolescente, paquerar era uma tarefa muito mais difícil que hoje em dia. Difícil não apenas por todas as barreiras que a própria adolescência nos impõe, mas também porque não tínhamos todo esse suporte tecnológico dos dias atuais.
Outro dia lembrei que, quando eu era bem novinha, eu “gostava” de um garoto que morava perto da minha casa (naquela época, não tinha “crush“, a gente “gostava” de alguém). E certa feita ele me mandou uma foto dele – sim, já tínhamos internet, era sofrível e quase nunca acessávamos, mas tínhamos. O que eu fiz? Imprimi a foto, colorida!, e guardei no meu caderno. De vez em quando, eu olhava a foto e ficava me derretendo. Não havia Instagram, então a gente olhava as fotos no papel mesmo.
Nunca dei um beijo sequer no menino, mas fui “a fim” dele por um bom tempo. Ele morava perto da minha casa, às vezes parava lá na frente e ficávamos horas conversando. Nesse ínterim, também trocamos mais alguns e-mails. Um desses e-mails que ele me enviou, eu também imprimi e guardei junto com a foto no meu caderno. Foi só isso. Um amor adolescente platônico, singelo e inocente.
Falando isso em pleno 2016 parece muito idiota (tá, talvez fosse), mas, na minha tenra idade, era assim mesmo que funcionava. Não tinha redes sociais pra gente ver todas as fotos da pessoa e dar um like, deixar um comentariozinho…
Na minha época, uma coisa muito popular entre as meninas era o tal caderninho de confidências. Pra quem é muito jovem e não sabe do que se trata, era uma caderno, no qual a gente colocava uma pergunta em cada página, e entregava pras pessoas responderem. Assim, a meta era fazer o caderninho chegar ao nosso “paquerinha”. Às vezes, rolava toda uma estratégia, um planejamento logístico, pra conseguir aquela bendita assinatura. Pois é.
Hoje em dia, a gente só desliza o dedo pra um lado ou pro outro nos aplicativos de paquera e, pronto: match! Ou não, mas… parece que tudo é muito menos “emocionante”. Já tá tudo ali na cara. Já tá tudo muito explícito, talvez até superficial. Já somos “íntimos” das pessoas, virtualmente, mesmo sem nunca termos nos cruzado na rua. Nos tornamos melhores amigos de alguém pelo WhatsApp.
Há quem diga que isso facilite. Há quem ache que a tecnologia é uma ótima cupido. Eu concordo em partes. Mas há quem, saudosista como eu, ainda ache a coisa mais fofa receber um bilhetinho ou uma carta – em papel, é claro.