Nunca fui uma pessoa carente. Sempre autossuficiente, independente e sem grandes necessidades emocionais. Comumente chamada de Frozen, Coração Gelado, sem coração. E, olha, eu não ligava, porque gostava de ser assim.
Mas karma is a bitch e, de repente, você se vê apaixonada por alguém que não supre as necessidades que ela mesma despertou em você. O que fazer? Conversar? Sim, normalmente essa é a solução para desavenças, atritos e frustrações em um relacionamento. Mas, namorar uma pessoa teimosa e fechada feito uma ostra é uma combinação de fatores explosiva quando você é pavio curto, lógica e completamente transparente.
Eu gosto de presença, gosto do todo pra mim. Gosto de prioridade quando também te trato como prioridade. Gosto de saber que você estará ali quando eu quiser falar que o meu pão francês veio branco demais e que o café estava exatamente como a gente gosta. E gosto que isso seja uma via de mão dupla. É bom saber o que se passa pela sua cabeça, o que te aflige e que decisões ainda não conseguiste tomar. É ajudar um ao outro, é compartilhar a vida. Relacionamento é isso, é essa troca. É conversar até sem palavras.
Namorar é ter em uma pessoa só, seu melhor amigo, seu amante, sua paquera, o arrepio no beijo, as borboletas no estômago num simples olhar. É ter um porto seguro. É saber que um abraço reconfortante te espera após um dia péssimo. É ter surpresa no meio do dia. É fazer por alguém o que você faria por si mesmo, ou ainda mais.
Se não for pra ter tudo isso, não quero. Não quero olhar pra outros casais e desejar aquilo, desejar romance, desejar você no meu portão com um Dorflex num dia chuvoso em que reclamei de dor de cabeça. Não quero desejar receber flores no trabalho no dia do nosso aniversário de namoro. Não quero fazer planos sozinha para viagens. Não quero projetar um futuro com alguém que não passa do presente.
Prefiro uma solidão inteira do que meia presença.