Praticamente 365 dias depois da minha chegada, você faz aniversário. Eu? Eu, como disse, estou quase comemorando o meu aniversário de mudança. Cheguei curioso e disposto, com aquele tipo de queda forte e boba que antecedem uma paixão quase certa, com aquele brilho no olhar de quem tem a certeza quase petulante de que isso viraria uma história de amor. Virou.
Virou e eu tô aqui pra agradecer. Não ando numa fase de muitos pedidos, mas aqui eu aprendi muita coisa, os agradecimentos são justos. Aprendi principalmente a, como dizemos na minha terra, “chegar devagar”. Nem tudo foi fácil, nem tudo é fácil mas acho que a gente pode ir se ajustando, com um pouco mais de calma e toda essa minha vontade, eu sei que vai dar certo.
Vina e penal ainda me soam complicados, mas com o perdão da folga, vamos deixar nossos sotaques de lado. Você fica com o seu e eu conservo o meu. Eu com o meu “coé”, você com seu “daí”, mesmo aguentando as risadas e os pedidos repetitivos por palavras como “porta”, “isqueiro”, “nascimento”, “garfo “ou “nuvens esparsas”.
Falando em nuvens esparsas, eu tô tranquilo. Não me sinto à vontade pra reclamar do frio sendo um foragido da tirania do calor, é seu charme. E sim, eu também reclamo e faço coro, mas 30 graus não é calor. Mesmo assim, sustenta desse jeito. Se não for pedir muito, queria pedir só um pouco de constância, vários climas num dia só, nem entendendo você como ariana fica fácil.
Sobre os seus arianos, polacos, ucranianianos e tantos outros, a gente tá se entendendo. Mas seria legal que eles soubessem que abraços e sorrisos são bem vindos fora das festas de família. Se é que acontecem nas festas de família, mas é parte do que você tem pra mim, eu sei.
Posso não viver no Largo da Ordem, como não vivia na praia. Posso ainda não conhecer todos os parques, mas levo todo mundo que me visita a algum e adoro alguma coisa especial em cada um deles. Pão com bolinho é vida e ninguém faz coxinhas e cervejas melhores do que as daqui. Sabe, eu acho que a gente se gosta mesmo.
Olha, eu queria misturar muita coisa daqui com a minha terra, mas eu sei que essa minha ideia farofeira não ia te agradar. Sendo assim, vamos fazer um trato? Continua assim, desse jeitinho mesmo. Não me mima, mas não me distrata, beleza? Confesso que rola um charminho nisso. Enquanto isso, a gente se curte e eu te chamo de minha, te chamo de minha casa.
Parabéns, sua linda! Pra você e pra mim.