Mesmo que certa distância se imponha entre o lugar de onde escrevo e você, sigo achando graça de cada passo. Na eternidade diária conquistada a cada novo passo, não consigo não sorrir.
Saudade em tão pouco tempo pode sim! Só não entende quem não viveu algo parecido. E mesmo quando a vida fica meio nebulosa, prefiro buscar refugio no castanho gris dos teus olhos. Assim como suas cores, o tempo muda. Hoje, o perfume da minha vida carrega um pouco do seu cheiro.
Da eletricidade da pele ao calor do toque. Do carinho mais leve à excentricidade quase jovial de um sofá com algumas histórias. Assim as coisas acontecem, uma de cada vez. Do grupo de contos aos encontros. Do cafuné ao gemido.
Viver em desconserto não chega a ser um problema. Já foi mais difícil compreender tuas brincadeiras meio pedregosas, acho graça. Por vezes ainda me sinto inadequado, tentando ler nas suas entrelinhas tão pequenas. Você carrega uma literalidade misteriosa.
Quase tem orgulho de não se deixar gostar de alguém . Talvez, essa parte seja a sua nebulosidade. Sempre literal, às vezes nebulosa, mas expõe sem o menor problema os riscos que você representa – ou acredita representar – pra alguém que escreva as coisas em CAPS LOCK como eu.
Você me viu sem muitas amarras e se disse ladeira. Eu sei, fica tranquila! A culpa vai ser toda minha. Acredite, estou acostumado a levar a culpa das coisas. Por enquanto, prefiro essa eternidade diária. Sem qualquer garantia sua em relação ao amanhã.
Enquanto as coisas caminham, só te peço a verdade e a leveza. Deixe que eu faça o possível pra continuar te arrancando sorrisos e gemidos, sem qualquer pressão pelo dia seguinte.
A vida nos traz muita coisa diferente. Aquilo que não precisa ser algo também existe e já deu certo. Não sou pretensioso a ponto de me considerar um presente. Desejo, um dia por vez, ser o seu presente.