Sempre soube que de toda minha biblioteca de defeitos, me estender e não saber a hora de parar era um dos volumes mais consagrados. Para o bem ou para o mal, esse foi o tipo de comportamento que me deixou na mão em muitos dos momentos cruciais da minha vida. Talvez tenha me deixado também na sua mão.
Não sei dizer exatamente a razão disso, mas sei que tudo piora sempre que o coração grita, emudecendo a cabeça e querendo buscar justificativas pra essa ausência repentina gerada pelos planos da vida. Me perdia te buscando e brevemente perdi o tipo de vínculo que nos deixava mais próximos e me permitiam seguir sonhando acordado.
Recluso no pesadelo, me acostumei a cultivar sua ausência, mesmo ciente de minha saudade ou sorrindo a cada novo e pequeno contato. Teu boa noite rareou e deixei que meu bom dia piegas seguisse acontecendo. Sinto falta de maiores palavras, de diálogos um pouco mais longos, fiquei feliz em saber que você também.
A vida segue aprontando das suas, sem que qualquer plano impossível seja inviável. O frio da terra que me faz falta me lembra o calor do teu corpo em dias inesquecíveis. Cada sorriso conquistado era como um troféu por minha insistência.
Arranquei cada um deles apenas por me estender demais. Apenas por entender que o meu coração merecia viver o que sentia. Me estender era a melhor forma que tinha de fazer com que fossemos em frente… e foi lindo.
É possível que de longe essa atitude faça menos sentido, nenhuma promessa foi feita por ti. Só cobrei da vida um retorno pelo transtorno, pelo coração em pedaços. Só cobro dela que me leve de volta ou que me permita estar perto para que eu possa me estender novamente… na sua vida, na nossa história, na sua cama.
Entenda que me estender talvez seja mais uma forma torta de escrever por extenso o quanto te amo.