… mas apaixonar-se é fundamental.
Vivemos em tempos em que as pessoas cultuam o desapego, como se ter o coração a temperaturas de inverno polar fosse uma virtude. Orgulham-se em dizer que “pegam, mas não se apegam”. Bradam aos quatro ventos que são capazes de separar os desejos carnais dos sentimentos atribuídos àquele pobre órgão responsável por bombear sangue.
Eu não tenho nada contra. Até acho que o sexo descompromissado é recomendável. Alivia as tensões, permite aquela quebra na rotina, instiga nossos instintos primitivos de caça e caçador. Certamente nos propicia uma deliciosa adrenalina. Eu mesma já aderi à modalidade todas as vezes que julguei pertinente. E não me arrependo. É bom e faz bem pra saúde.
Mas a verdade mesmo é que, tal qual Renato Russo, sou um animal sentimental e, no fundo, no fundo, temo e anseio me apegar ao que desperta o meu desejo.
Esperar aquela ligação no dia seguinte pode muitas vezes ser a receita da frustração; mas, quando a ligação repete-se diariamente, quando a expectativa tem nome, sobrenome e aquele sorriso de deixar as pernas bambas, certamente é uma experiência transcendental.
Nem todos os encontros casuais têm potencial para causar em pelo menos uma das partes – melhor se for em ambas – aquele calafrio abdominal. Alguns realmente não evoluem, e não adianta insistir. É como quando a gente tenta fazer um bolo com fermento vencido.
Mas, às vezes, a gente dá sorte – ou pode ser que tudo esteja escrito, que o destino queira assim, que os planetas estejam alinhados, que seja pura química, física ou matemática, ou qualquer que seja a crença em que você queira botar sua fé – e percebe que se apegar não é opcional.