Quando se atravessa a avenida da empatia, a alameda da gentileza e a rodovia da caridade, chegamos a um cinema com apenas uma poltrona, onde, sem pipoca e refrigerante, assistimos ao nosso fim.
O exagero em ajudar – tirando partes vitais de nós mesmos para preencher necessidades supérfluas do outro – acaba nos expulsando do nosso próprio corpo, partindo convicções e histórias em pedaços impossíveis de colar.
Não se doa por completo, não se oferece o infinito do que se é para a realização de vontades terceiras. Não se despedaça a si para sobrar no outro, não se quebra o essencial para se transformar no enfeite de alguém.
Abrir mão é fechar-se para a completude. Se você escolhe transferir os lucros de uma vida para a conta de uma aventura, o único resultado é a falência. Distribuir recursos vitais é cometer pequenos suicídios morais.
Quando a doação é inteira, você está pagando à vista. E com a vida.