Divã-neando

Setembro

Escrito por Thigu Soares

Setembro é o mês conhecido como aquele em que falamos de depressão. Mas, as pessoas que sofrem com isso, sofrem todos os dias. E precisamos nos lembrar delas.

Encarar a pecha de frescos perante parte da sociedade pode parecer difícil, quando isso é uma pequena parte da ponta de um iceberg. A vida gelada nos maltrata num vazio glacial, às vezes sem que sequer saibamos o motivo de tanta amargura.

Prazeres rareiam, satisfações esmaecem e as conquistas empoeiram-se num armário esquecido, levando consigo a autoestima em coma.

Sorrisos sinceros se amarelam em disfarce inicial, até o sumiço completo.
Lágrimas vertem sem motivo concreto ou razão perceptível. O nada nos preenche.

Buscamos companhia no isolamento, fazendo da solidão uma falsa amiga e confidente de nossos demônios. A vida sem cor nos toma e tudo é sempre nublado.

Incapacitados, até mesmo as obrigações ou rotinas simples viram um fardo. A paz de um dia é a angústia infinita. Parece não ter jeito. Insistem em chamar de covardes aqueles que perdem a batalha.

Não, ninguém dá fim a nada se não for por excesso de dor. Aos que sabem o que se passa, saibam, não estão sozinhos. Somos mais, somos muitos. Aos demais, rogo por mais empatia, às vezes, uma palavra, uma insistência e um incentivo na busca por ajuda podem salvar uma vida. 

Depressão é doença e não desejo pra ninguém. Frescura é outra coisa.

Sobre o autor

Thigu Soares

Um ex-jovem sempre velho que sonhou ser escritor. Blogueiro bissexto, cronista por vocação, "publicizeiro" totalmente por acaso. Intenso, exagerado, mal humorado, ácido e corrosivo. Leal, amigo e um pouco mentiroso. Flamenguista, carioca e pai de dois Pugs lindos. Luto contra a balança e brigo com a tarja preta. Já quis salvar ou o mundo, mas dá muito trabalho, mas dá preguiça… Mesmo sem fazer isso direito, tento seguir rabiscando como dá. É bom pra combater ou manter a loucura.

1 comentário

  • Grande Thigu. É bom ver um texto sóbrio sobre um tema tão importante. Essencial para este setembro amarelo e para os nossos dias de hoje. Vivemos em tempos em que a saúde mental coletiva está aos frangalhos. E isso não é frescura.

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