Encarar a pecha de frescos perante parte da sociedade pode parecer difícil, quando isso é uma pequena parte da ponta de um iceberg. A vida gelada nos maltrata num vazio glacial, às vezes sem que sequer saibamos o motivo de tanta amargura.
Prazeres rareiam, satisfações esmaecem e as conquistas empoeiram-se num armário esquecido, levando consigo a autoestima em coma.
Sorrisos sinceros se amarelam em disfarce inicial, até o sumiço completo.
Lágrimas vertem sem motivo concreto ou razão perceptível. O nada nos preenche.
Buscamos companhia no isolamento, fazendo da solidão uma falsa amiga e confidente de nossos demônios. A vida sem cor nos toma e tudo é sempre nublado.
Incapacitados, até mesmo as obrigações ou rotinas simples viram um fardo. A paz de um dia é a angústia infinita. Parece não ter jeito. Insistem em chamar de covardes aqueles que perdem a batalha.
Não, ninguém dá fim a nada se não for por excesso de dor. Aos que sabem o que se passa, saibam, não estão sozinhos. Somos mais, somos muitos. Aos demais, rogo por mais empatia, às vezes, uma palavra, uma insistência e um incentivo na busca por ajuda podem salvar uma vida.
Depressão é doença e não desejo pra ninguém. Frescura é outra coisa.
Grande Thigu. É bom ver um texto sóbrio sobre um tema tão importante. Essencial para este setembro amarelo e para os nossos dias de hoje. Vivemos em tempos em que a saúde mental coletiva está aos frangalhos. E isso não é frescura.