Divã-neando

Malas

Escrito por Mayara Godoy

Às vezes, as coisas que carregamos na vida são muito pesadas, e não temos ninguém que nos ajude a dividir o fardo.

Passei alguns dias, recentemente, em Balneário Camboriú, no apartamento da minha família. A princípio, eu ia ficar só estudando e aproveitando um pouco a praia, mas acabei fazendo algumas pequenas reformas no apartamento. 

Troquei alguns móveis, re-equipei a cozinha, redecorei alguns cômodos e refiz as fotos para o anúncio do AirBnb que eu cuido para os meus pais. 

Em paralelo ao meu curso EaD, bati muita perna, fui a muitas lojas, carreguei muitas sacolas, limpei e arrumei muitas coisas. Consegui terminar meus estudos e a “missão decoradora” exatamente em tempo de voltar para casa e retomar minha rotina. 

Foi cansativo, mental e fisicamente, mas vim com aquela sensação legal de dever cumprido e de ter sido produtiva. 

Na volta para casa, meu pai foi me buscar no aeroporto e me deixar em casa. Ao parar em frente ao meu prédio, ele, solícito como sempre, perguntou: “Você consegue carregar essas malas sozinha lá para cima?”

Eu respondi: “Claro, pai. Obrigada, boa noite”. E subi. 

Depois, me peguei pensando nisso. Eu realmente me viro em três ou quatro para fazer várias coisas, e já tenho habilidade em carregar múltiplas sacolas, empurrar a porta com a bunda e chamar o elevador com o cotovelo.

Mas isso, na verdade, não é nada. Se eu fosse bem sincera com as pessoas quando elas me fazem essa pergunta, a minha reposta verdadeira seria: “Você não imagina quantas coisas eu estou acostumada a carregar sozinha”.

 E não me refiro a sacolas de compras ou malas pesadas. 

Sobre o autor

Mayara Godoy

Palestrante de boteco. Internauta estressada. Blogueira frustrada. Sarcástica compulsiva. Corintiana (maloqueira) sofredora. Capricorniana com ascendente em Murphy. Síndrome de Professor Pasquale. Paciente como o Seo Saraiva. Estudiosa de cultura inútil. Internet junkie. Uma lady, só que não. Boca-suja incorrigível. Colunista de opiniões aleatórias. Especialista em nada com coisa nenhuma.

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