Autorrespeito

Vivemos tempos em que várias palavras de efeito estão na moda. Empatia. Gratidão. Lugar de fala. Autoconhecimento. E também as clássicas “autoamor” e “autocuidado”.

Nessa moda de neologismos, peço aqui minha cota de licença poética para lançar mais uma: autorrespeito.

Antes de exigir que os outros nos respeitem, precisamos respeitar a nós mesmos.

Mas respeitar-se é bem diferente do chavão de “se dar ao respeito”. Não vamos confundir as coisas.

O autorrespeito se dá nos níveis mais profundos da nossa existência.

Precisamos respeitar nossos limites – físicos e mentais. Precisamos aprender a descansar. Precisamos aprender a dizer não.

Precisamos respeitar nossos valores. Precisamos aprender a não fazer coisas que contrariem nossos princípios.

Precisamos respeitar nossa própria história. Precisamos assumir que somos o que somos como resultado de uma longa jornada – e que cada batalha deixou, sim, cicatrizes e até mesmo feridas que ainda não fecharam.

Precisamos respeitar nosso corpo, sabendo que todo e qualquer excesso cobra um preço.

Precisamos respeitar nossas emoções, não deixando que outros desdenhem delas ou as diminuam.

Precisamos respeitar nosso tempo, sabendo que se comparar com os outros será sempre motivo de frustração.

Precisamos respeitar, inclusive, nossos defeitos, aceitando que todo e cada ser humano é único e igualmente falho.

Precisamos respeitar nossa individualidade, jamais aceitando que nos forcem a ser o que não somos ou não queremos ser.

Precisamos respeitar nossas escolhas – as certas e as erradas -, porque foram todas elas que nos trouxeram aonde estamos hoje.

Precisamos respeitar nossa intuição. Quando algo no fundo de sua alma diz que não está bem, é porque não está. Ouça.

Precisamos respeitar os compromissos que firmamos conosco mesmos assim como respeitamos os que pactuamos com os demais. Dieta, exercício físico, projetos pessoais, a promessa de dormir cedo. Cumprir os propósitos que focam em nós mesmos é um passo fundamental do autorrespeito.

Precisamos respeitar nossa palavra, cumprindo aquilo que falamos, e não apenas proferindo palavras ao vento levianamente.

Somente quando nos enxergarmos e nos respeitarmos, seremos capazes de respeitar os outros e de exigir respeito.

Respeite-se. O respeito é uma das maiores virtudes humanas, e ele começa de dentro.