É só o começo. E confesso que no meio da semana passada eu dei uma surtadinha. Nem estava em confinamento ainda, mas, trabalhando há mais de uma semana somente para cancelar as viagens dos meus clientes e antecipar os voos dos que precisavam retornar antes, meu coração e minha cabeça já demonstravam sinais de cansaço.
Meus planos de lazer e minhas atividades que garantiriam normalidade também tinham ido pelo ralo. Comecei a pensar no que seria meu futuro próximo – financeiro, psicológico e afetivo. O medo cresceu dentro de mim.
Me deixei levar por uma tristeza, um desânimo foi me devorando pelas beiradas, o chão saiu do lugar. Bebi. Chorei. Falei e fiz bobagens. Virei uma doida. Pra no outro dia ter ressaca – moral, inclusive. Tomei um café e um tanto de juízo. E, então, comecei a tentativa de preparo para manter a sanidade nesses dias de confinamento, que podem ser semanas, mas já se fala em meses.
Home office, porque os cancelamentos continuam. Mercado apenas quando for necessário – e aí cabe a solidariedade, então já me ofereci para fazer os corres dos vizinhos idosos. Façam o mesmo. Treino de pole e coreografia pra manter o corpinho conectado à mente e não inflar a pochetinha. Faxina. Troquei móveis de lugar, e se passaram apenas três dias.
O que mais me assusta é que ainda não vimos nada. E nunca vimos nada parecido. Os números ruins vão aumentar, muito graças à irresponsabilidade de governantes e à ingenuidade ou ignorância da população, que acha que está em férias. Pensar em ficar em casa por muitos dias é angustiante. Pensar em não ter dinheiro para pagar as contas é mais. Mas pensar que posso perder pessoas é ainda pior.
Não sabemos o que será do futuro, e eu tenho tentado ser otimista e acreditar que serei forte para aguentar. Tudo vai passar. Por isso, decidi que vou continuar escrevendo, seja sobre minhas angústias, sobre meus sonhos, sobre fantasias que possivelmente não viverei tão cedo. É uma fuga, um escape pra mente. E, se você precisar de alguém pra conversar, eu estarei por aqui. Ainda é só o começo.
Sim, estamos apenas no começo e precisaremos ser fortes. É assustador perceber que muitos estão negligenciando a situação. Cuido de meus pais e tenho consciência de que sou a maior ameaça à eles, pois posso infectá-los, caso não tome TODAS as medidas de precaução. E, se serve de consolo, eu também dei uma surtadinha rs. Pois é, não consegui contar até dez, fiz merda e me arrependi. Mas tenho certeza que sairemos do olho do furacão, por mais que demore, mas sairemos. Força e coragem! (contem até dez… rs)
Seguremos as mãos uns dos outros, ainda que só virtualmente 🙂