De todas as minhas ingenuidades, acho que acreditar em perfeição é a maior delas.
Ao longo da vida, tenho sido uma pessoa perfeccionista, que sempre buscou fazer e organizar as coisas sem cometer nenhum erro, sem deixar passar nenhum defeito. E é claro que nesta empreitada eu sempre falhei miseravelmente.
Mas, contrariando todas as expectativas, em alguns momentos eu me deparei com a tal perfeição, não em forma de coisas milimetricamente alinhadas ou harmonicamente organizadas, mas a partir de um sentimento arrebatador que se apresenta nos momentos mais inesperados.
Olhar para as flores do jardim e enxergar que as cores não são perfeitas organizadas em ordem crescente ou de intensidade, e sim que a beleza vem da mistura, desordenada e contrastante.
Sentir o calor do sol sobre a pele num dia frio; o cheiro e o sabor do café quentinho de manhã; o sorriso da pessoa amada. Milésimos de segundo que dão sentido à existência. Ser agraciada com este sentimento, a pura e simples energia de estar viva e em harmonia com tudo ao redor, é como eu ressignifiquei a perfeição.
É sentir essa plenitude genuína, não apesar de todos os problemas e dificuldades, mas com eles; ser capaz de abraçar a própria humanidade e entender que, de um jeito ou de outro, tudo se completa.
Entender que cada ser é único e perfeito ao seu modo, e que em nenhum lugar do espaço ou do tempo nada, nunca mais, vai ser igual, é justamente o que faz do aqui e do agora a mais pura e simples perfeição.