Às vezes, me pego pensando inquietamente sobre uma série de eventos que me parecem motivados e alimentados pelo ódio.
Há quem diga que o ódio e o amor estejam muito próximos. Eu tenho minhas dúvidas.
Mas o que eu acho [porque saber, mesmo, quem é que sabe de coisa alguma?] é que odiar é mais fácil que amar.
Chocado(a)? Olhe ao redor.
Quantos posts, comentários e compartilhamentos raivosos você viu hoje nas redes sociais? Dezenas, suponho, numa rápida rolada na timeline.
Ok, vamos sair da esfera virtual.
Quantas pessoas você viu sendo gentis na rua ou no supermercado, e quantas você viu sendo rudes?
Pensar nisso às vezes me assusta, pois parece que vivemos uma epidemia de ódio. E nem tivemos a oportunidade de nos vacinar.
E por que isso? Por que odiamos tão facilmente, e temos tanta dificuldade em amar?
Porque o ódio vem acompanhado de outros sentimentos mais instantâneos e primitivos.
Para odiar alguém, basta que eu me sinta superior a ele em algum aspecto. Ou que a pessoa represente alguma ameaça à minha autoconfiança. Quantas vezes odiamos por inveja?
Às vezes, odiamos alguém só porque essa pessoa vive de maneira diferente da nossa.
É muito fácil odiar alguém que não faz exatamente o que você quer, na hora que você quer, do jeito que você quer.
Não leva muito tempo e nem exige esforço odiar alguém.
Mas, amar… ah, amar dá trabalho!
Em primeiro lugar, porque, para amar alguém, é preciso ter humildade. É preciso despir-se de toda a nossa vaidade.
É preciso ter humildade para enxergar qualidades fora do perímetro do nosso umbigo.
É preciso, também, desapego. Dos nossos orgulhos, egos, birras, traumas e das nossas verdades. Para saber ouvir. Para compreender.
Amar exige dedicação também. O amor precisa ser cultivado, alimentado, regado, bem tratado.
Dar amor é muito difícil, porque nem sempre sabemos como fazê-lo. E, como qualquer exercício, se a gente parar de praticar, atrofia.
É… em verdade, vos digo: odiar é muito mais fácil que amar. Mas, acreditem: não compensa.