Às vezes, eu tenho saudade.
Tenho saudade de quando “o resto da vida” ainda era algo muito distante.
De quando todas as decisões ainda pareciam possíveis.
Tenho saudade de quando eu não precisava me preocupar com política, e economia era saber quantos lanches eu conseguia comprar com a mesada.
Às vezes, eu tenho saudade de chegar em casa e encontrar o cheiro de bolo fresco com café, me esperando junto do sorriso da minha avó.
Tenho saudade de pensar que seria bom crescer, que havia algo de encantador na vida adulta.
Às vezes, tenho saudade de não saber das coisas, de olhar tudo com inocência.
Tenho saudade de correr descalça e comer frutas direto do pé.
Tenho saudade da simplicidade, da inocência, das alegrias singelas.
Tenho saudade daquela espontaneidade boba. Da época em que todas as descobertas pareciam sensacionais.
Tenho saudade de quando um dia nunca era igual ao outro.
Acho que, no fundo, tenho saudade de mim mesma. De quem eu era. E talvez de quem eu gostaria de ter sido.