Vejo certa beleza nas coisas imperfeitas. Um cabelo levemente desarrumado, um cantinho da unha com o esmalte descascado, um tênis meio empoeirado pelo uso cotidiano.
Existe uma leveza nas pessoas que não buscam estar perfeitas o tempo todo, que não perdem a elegância por não estarem impecáveis. Que não buscam ser semideuses.
É reconfortante conhecer pessoas que não sofrem da Síndrome da Busca Pela Perfeição; que não se martirizam por terem defeitos – e que até convivem bem com eles.
É admirável uma pessoa que consegue rir de si mesma, que faz piada das próprias trapalhadas. Que não se importa em não estar nos padrões. Que não tem vergonha da cara lavada.
É satisfatório encontrar gente que não se acha na obrigação de saber tudo, de ser boa em tudo. Gente que se reconhece humana, falha, incompleta.
É prazeroso estar na companhia de alguém que se permite. Que se permite rir; que se permite sofrer; que se permite sentir; que se permite errar. Que se permite viver.
Gosto de pessoas que aceitam, afinal de contas, sua condição de mortais, de pecadores, de seres em constante evolução.
Deus me livre dos perfeitinhos, dos irretocáveis, dos intangíveis. Quero distância de qualquer pretensão hollywoodiana ou de gente que estamparia a capa da Caras.
Gosto de gente de verdade, natural, transparente, espontânea. Gente que se aceita, se assume e se curte. Gente que não cede à pressão da mídia, da moda ou do Instagram alheio.
As melhores pessoas que eu conheço não aparecem na televisão, saem à rua sem Photoshop e derrubam os copos de cerveja de vez em quando. E não fazem de nada disso um grande drama. Porque a imperfeição, meus queridos, é só para os fortes.