Poucas coisas podem ser mais tristes do que a sensação de não pertencimento. E esse sentimento se avoluma quando você sente não mais pertencer a um lugar ou posição que já lhe pertenceu.
É estranho se tornar turista em sua cidade, visitante em uma casa que foi sua e simplesmente não se sentir adequado a quase todas as situações que se apresentam.
Quando um lugar simplesmente deixa de te pertencer é muito difícil que você consiga se sentir novamente em casa, leve, feliz e seguro. É como uma roupa querida que simplesmente deixa de te servir quando você cresce ou engorda, tanto faz. Talvez se aproxime mais da sensação do crescimento.
Essa sensação esquisita traz consigo a necessidade de uma busca por um novo lugar ou a saudade de um lugar que já é seu, mas que por qualquer razão se apresenta distante. É difícil saber conviver com o aperto no peito que sufoca, com o incômodo que dói como se fossem bolhas nos pés.
A maioria dos caminhos que trilhamos só começa a existir quando passamos por eles. Certas vezes, parte dessa caminhada consiste em deixar que nossas antigas moradas tornem-se novos portos, para que possamos recorrer em tempos de tempestade, mas não aportar por período indefinido.
Não existe mar calmo como o lar, por mais distante e novo que seja. Mesmo que não seja em lugar algum.