Pensamentos crônicos

Maternidade

Escrito por Gabi Coiradas

A maternidade pode aparecer de várias formas. A amizade é uma delas.

Faço parte da maternidade, mesmo sendo uma ideia que não se encaixa na trilha do destino que eu desenhei para mim.

Eu sou a mãe de todos.

Aquela que perde o sono pelos amigos quando eles choram, quando são inconsequentes ou mesmo quando vão voltar tarde para casa de um lugar perigoso. Aquela que sofre com a ideia de ver o coração de um amigo doer e que vira noites pesquisando o bálsamo do alívio do desespero. É doação.

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É assim que eu sei ser mãe.

Meu instinto materno nasce do amor que cresce por você à medida que sou cativada, envolvida, amada, parte da vida. Por muitas vezes, parecerei mãe de adolescente, que pode parecer rude, áspera, arredia nas suas tentativas de contribuir para a construção do seu eu. É verdade, vou errar um sem número de vezes enquanto aprendo que nem tudo é como eu vislumbrei e que você tem caminhos alternativos que eu não consegui ver e que seria bom tentar percorrer. Talvez você até queira se livrar de mim em alguns momentos, o que não me magoa, pois o tempo não é igual em todos os relógios. Na hora certa, na sua hora certa, o abraço continuará disponível e a minha camisa também, disposta a absorver todo o tipo de lágrima que caia, de alegria, de dor, de arrependimento, de desabafo.

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Determinei que meu útero que não gera, quero toda a concentração de energia para eles, para os filhos de uma vida inteira, que não têm hora para chegar, que já são filhos do mundo e que precisam sair da própria realidade de vez em quando. Se eu já te amei, será eterno e quase incondicional. Perdoa o quase, mas é a humanidade.

Eu sou a mãe escolhida pelo enlace da amizade.

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Sobre o autor

Gabi Coiradas

Alguém que não sabe escrever bios otimistas, mas que acaba tentando só para não ser xingada.
Formada em Letras, sonha em ser lida, mas tem suas dúvidas se tem algo a dizer. Sua alma é San Diego.
Bellydancer sempre no básico e fotógrafa sem equipamento, é isso mesmo que dá pra imaginar: uma baita de uma salada cultural