Faço parte da maternidade, mesmo sendo uma ideia que não se encaixa na trilha do destino que eu desenhei para mim.
Eu sou a mãe de todos.
Aquela que perde o sono pelos amigos quando eles choram, quando são inconsequentes ou mesmo quando vão voltar tarde para casa de um lugar perigoso. Aquela que sofre com a ideia de ver o coração de um amigo doer e que vira noites pesquisando o bálsamo do alívio do desespero. É doação.
É assim que eu sei ser mãe.
Meu instinto materno nasce do amor que cresce por você à medida que sou cativada, envolvida, amada, parte da vida. Por muitas vezes, parecerei mãe de adolescente, que pode parecer rude, áspera, arredia nas suas tentativas de contribuir para a construção do seu eu. É verdade, vou errar um sem número de vezes enquanto aprendo que nem tudo é como eu vislumbrei e que você tem caminhos alternativos que eu não consegui ver e que seria bom tentar percorrer. Talvez você até queira se livrar de mim em alguns momentos, o que não me magoa, pois o tempo não é igual em todos os relógios. Na hora certa, na sua hora certa, o abraço continuará disponível e a minha camisa também, disposta a absorver todo o tipo de lágrima que caia, de alegria, de dor, de arrependimento, de desabafo.
Determinei que meu útero que não gera, quero toda a concentração de energia para eles, para os filhos de uma vida inteira, que não têm hora para chegar, que já são filhos do mundo e que precisam sair da própria realidade de vez em quando. Se eu já te amei, será eterno e quase incondicional. Perdoa o quase, mas é a humanidade.
Eu sou a mãe escolhida pelo enlace da amizade.