Falar sobre a vida e sua intensidade é impossível sem que lancemos um olhar diferenciado sobre o tesão. Logo ele, tão escondido, tão recriminado e quase proibido.
Há quem não credite isso a um sentimento, mas a uma espécie de estado de espírito. Há quem consiga domá-lo com relativa tranquilidade. Digo para essa galera, em minha mais sincera e humilde opinião: isso não era ou não é tesão.
O tesão é irresponsável, indomável e incontrolável. E não venho aqui derramar essas linhas sobre os olhos de vocês com o intuito de polemizar. Deixemos as polêmicas mais infantis para a Clarice Falcão, seus clipes e músicas de gosto duvidoso e a dificuldade conservadora em lidar com a nudez.
A ideia é opinar e entender. Não só saber o que já foi ou será feito, mas compreender os efeitos reais dessa loucura provocada por esse sentimento discriminado e proibido.
Bate como se fosse saudade, arde como se fosse paixão e pede mais como se amor fosse. Não dá pra explicar o inexplicável. Ele não se explica de maneira simples, se é que se explica. Talvez o tesão se aplique, nada mais.
O tesão precisa do outro ou de alguma coisa. Tesão sem nada ou ninguém é só libido. A libido é fogo, o tesão é fogo (ou foda) em um posto de gasolina.
É o tesão que faz com que as pessoas contrariem seus próprios princípios. É ele que joga no lixo a racionalidade das coisas, independente da paixão, do amor, do clima, do local ou da fase da vida.
Quando o tal do tesão toma conta, a racionalidade salta pela janela. Como mágica ou droga, leva suas vítimas à narcose, onde apenas ele importa, nada mais. Sem limites, sem pudores, sem senso de responsabilidade.
Responsável por histórias incríveis, tragédias, crises sem fim, términos de relacionamentos e amores eternos, o tesão pode ser o alfa ou o ômega de qualquer história ou ponto da vida.
Em um cenário repleto de desculpas, o tesão é o que mais rápido te faz dar um jeito. É o motel no meio da tarde, o encontro proibido na escada do prédio, o elevador velho, a escada de incêndio, o cinema, o carro, o banheiro da boate ou o meio da rua. Pode ser também a cama de quase todo dia, é bem verdade, mas é raro ser assim.
Se tem algo que normatiza o tesão é a ausência de regras, ele é livre e louco pra tudo, mas nunca é leve. NUNCA! Do olhar ao toque, da palavra à DM no Twitter, do silêncio ao gemido de prazer. Livre ou abafado, o gemido é sempre um companheiro, quase um combo. Sem orientação sexual ou gênero certo, é ele que vira a gente comum do avesso, é ele que alimenta gente que se entrega sem medo e sem amarras.
Tesão é um sopro de vida que nos leva a uma pequena morte.
Viva e alimente-se.