Texto enviado por leitor que preferiu não se identificar.
O primeiro vibrador da minha esposa quem comprou fui eu. O segundo também, com a diferença de que o primeiro eu comprei sozinho, o segundo eu levei ela na loja e disse que ela podia escolher qualquer um que ela quisesse. Não que ela não tenha gostado do primeiro, mas achei que, já que era uma coisa que ela iria usar, nada mais justo que deixar ela escolher o que fosse mais de seu agrado.
Não conto isso pra ganhar medalha, biscoito, nem a proverbial faixa “parabéns por não ter feito mais que sua obrigação”, e sim para ilustrar um fato que tem me chamado a atenção nas conversas com os amigos – e, principalmente, com as amigas: aparentemente, os homens nunca estiveram tão incompetentes no sexo.
Pode parecer óbvio, mas sexo é sobre prazer – a menos que você seja um daqueles que só aceita fazer para fins de reprodução, nesse caso só lamento – e me parece ainda mais óbvio que, quanto mais intenso e prolongado, melhor o prazer. Imaginem que vocês estão morrendo de vontade de comer um bolo de chocolate. Ao pegar a fatia, enfiam tudo de uma vez na boca e engolem sem mastigar, ou tentam pelo menos apreciar o sabor, para saciar a vontade, além da fome?
A maioria dos homens, no sexo, parece estar adotando a primeira opção. Sobem na mulher, dão umas bimbadas, gozou, cabou. Quando muito, usam os dedos depois, para poder dizer que “ela gozou também”. Comem o bolo de uma vez só, e ainda se ofendem se a dona do bolo reclamar que não aproveitaram.
O que esses coitados não entendem é que degustar multiplica o prazer. Tirar a roupa lentamente, percorrer o corpo dela com os dedos, com a língua, deixar ela percorrer o seu. Parafraseando a música, é uma jornada, não um destino. Penetração é importante, mas deve ocorrer na hora certa. Ninguém precisa imitar ator pornô e trepar duas horas sem tirar de dentro, não é disso que estamos falando. Quando o sexo é prazeroso, tudo tem a sua hora, tudo ocorre naturalmente, e isso faz com que ele seja mais intenso.
Falando nisso, o vibrador não é seu inimigo. É mais um instrumento de prazer, que deve aprender a ser usado a favor dos dois – não é porque ela trouxe um pra cama que ela está insatisfeita com o seu. Eu fico muito excitado quando vejo que minha esposa está tendo prazer, seja comigo, seja com o brinquedo, e essa excitação se traduz em prazer mais intenso. Todo mundo sabe que o orgasmo é mais intenso quando a gente está com mais tesão, então o lógico é ficar com o máximo de tesão possível antes de chegar ao orgasmo – o que é muito mais fácil se ela também estiver fervendo de tesão.
Como eu não tenho a intenção de escrever um manual do sexo, finalizarei deixando o seguinte pensamento: os homens acham que só estão valorizando o próprio prazer, mas nem isso estão fazendo direito. Voltando à analogia com comida, se trepar fosse ir a um restaurante, a ejaculação seria a conta. Você quer mesmo pagar a conta depois de ter comido só uma entradinha e bebido um copo d’água, ou prefere ficar até o final da refeição?
