Mesa de bar Sexo é poesia

Ménage à trois

Escrito por Patrícia Librenz

Se sexo já é um tabu, imagine o sexo a três! Tire as crianças da sala, que o papo é +18.

Para a maioria das pessoas, sua intimidade sexual é quase um templo sagrado. É preciso ter, acima de tudo, coragem para se despir deste tabu sobre o qual vim falar hoje: sexo a três. 

Pra começo de conversa, todo mundo já fez sexo a três em algum momento da vida – nem que esse terceiro tenha sido o seu gato ou cachorro que ficou assistindo a tudo ao lado da cama.

Eu tenho a alegria de ser uma pessoa recém-casada, sem filhos e que não mora com a sogra, nem com os pais (nada contra minha sogra, muito menos contra meus pais, mas casamento é uma coisa que já é difícil a dois, não precisa de mais pessoas interferindo). Enfim, meu marido e eu moramos sozinhos em nossa casa e, com poucos vizinhos e zero crianças (que permaneça assim até o final dos nossos dias – amém!), temos uma certa libertinagem liberdade sexual.

Embora eu seja um tanto tradicional e prefira sempre a cama, não precisamos nos apegar a padrões, o sexo pode acontecer a qualquer hora e em qualquer lugar: na sala, na cozinha, no banheiro (temos dois chuveiros no box – uhuulll!), na lavanderia, no quintal, no escritório ou, o mais óbvio, na cama.

Mas foi nesses momentos de menor intimismo que eu me peguei pensando sobre intimidade sexual. Às vezes, nossos gatos presenciam coisas. Outras vezes, não só presenciam, como chegam muito perto e ficam olhando fixamente. É impossível manter a concentração quando tem um gato te olhando fixamente (e sexo exige muita concentração, sim)! Teve uma vez que eu poderia jurar que estava ouvindo o ronronar… comecei a rir. Ele começou a rir e paramos tudo para poder terminar de rir. Teve outra que – não vou contar o que eu estava fazendo -, mas ouvi um barulhinho esquisito, fui conferir, e um dos gatos estava mamando o cobertor. Já perdi as contas de quantas vezes interrompi o ato para tirar um gato do quarto.

Mas talvez isso revele mais sobre mim do que eu realmente gostaria de admitir. Talvez eu esteja tão condicionada social e culturalmente (quem sabe até religiosamente – embora não siga religião nenhuma de fato), que não consiga me desvencilhar deste padrão de comportamento sexual em dupla (e, no meu caso, exclusivamente homem-mulher). 

Possivelmente, o fato de eu me incomodar com a ideia dos meus gatinhos serem testemunhas das minhas sacanagens só mostra o quanto eu ainda sou apegada ao que é convencional e socialmente aceitável. Se eu não gosto de transar com meus gatos olhando, imagina com uma terceira pessoa junto! 

Então, eu realmente preciso parabenizar as pessoas que conseguem tal proeza, porque é necessário muito foco, disciplina e concentração – e eu acho que tenho uma tendência ao déficit de atenção, pois perco a concentração com muita facilidade – e, principalmente, desapego a esses padrões aí que colocaram na nossa cabeça.

Ou seja, esse negócio de ménage, definitivamente, não é pra mim (para a infelicidade do homem que se casou comigo)…

Sobre o autor

Patrícia Librenz

Mãe de dois gatos, um autista e outro que pensa que é cachorro. Casou com um veterinário, na esperança de um dia terem uns 837 animais. Gaúcha no sotaque, pero no mucho nos costumes. Radicada em Foz do Iguaçu desde 2008, já fez mais de 30 mudanças na vida. Revisora de textos compulsiva, apaixonada por dicionários. A louca do vermelho. A chata que não gosta de cerveja. A esquisita que não assiste a séries. Dona da gargalhada mais escandalosa do Sul do Mundo. Mestra em Literatura Comparada, é fã de Machado e Borges, mas ignorante de Clarice Lispector e intolerante a Paulo Coelho. Não necessariamente nessa ordem.

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