Correspondência

O encanto da Educação Infantil

Sala de aula. Foto: MEC.
Escrito por Bruno Zanette

Trabalhar em contato com crianças é renovador para as esperanças de um futuro melhor.

O ano de 2023 teve uma mudança radical em minha profissão. Sou formado em Jornalismo desde 2010, e desde 2008 trabalhava diretamente nessa área, seja em rádio com transmissões esportivas, sites de notícias ou jornais impressos. Às vezes, em mais de um veículo ao mesmo tempo.

E não é de hoje que percebia o mercado sendo desvalorizado. Seja por descrédito de parte da população – muitas vezes incentivada por políticos que não aceitavam que fossem reveladas irregularidades cometidas por eles -, seja pelas próprias empresas de comunicação que cada vez mais exploravam seus funcionários e colaboradores, sem uma remuneração justa e com pouco descanso.

Resolvi partir, então, para o concurso público. Passei no de secretário escolar da rede municipal de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Uma remuneração melhor, com projeção de aumento ao longo dos anos por conta do Plano de Carreira, feriados, recessos, férias. Enfim, tudo o que eu não vinha tendo no Jornalismo, profissão que escolhi e tanto amo. Mas a de secretário também foi uma escolha e estou gostando de cada segundo, apesar dos estresses normais em cada jornada de trabalho.

Na hora de escolher o local de atuação, indicaram para que eu fosse para a Educação Infantil, local onde estava começando a ser preenchido com secretários escolares, algo que não havia até aquele momento.

Foi a melhor decisão que tomei. Porque lidar com crianças de seis meses a seis anos é o melhor dos mundos. São seres puros, verdadeiros, que estão descobrindo o mundo, e tudo para eles é novidade. Fazer parte dessa mudança de conhecimentos é gratificante, embora minha função esteja mais voltada para a documentação, preenchimento de planilhas, prazos a serem cumpridos, sistemas para serem atualizados e, também, repassar informação – o meu forte.

Estou sempre informando algo. Seja aos pais de alunos no balcão da secretaria, seja aos professores ou funcionários que estão questionando algo a respeito do trabalho, ou aos próprios alunos perguntando ao ‘tio Bruno’ onde está chave da “Brinquedoteca”. A essência de informar segue nessa nova profissão. O modo de fazer é que mudou.

E neste primeiro ano na nova função, além de conhecer novas pessoas, ganhei muitos abraços verdadeiros, fui presenteado com algumas lembrancinhas de final de ano (secretário também foi lembrado pelos pais e mães de alunos). Vivenciar as apresentações de Natal, as brincadeiras deles, tudo foi inspirador. E, muitas vezes, um sorriso sincero desses pequenos, acaba sendo melhor do que muita terapia e dá uma renovada em nossos ânimos e disposições.

Estou disposto a viver todas as experiências na Educação Infantil, e até convidado a participar de uma pequena peça de teatro eu fui.

Nem tudo foi alegria. Tivemos momentos de tristeza com a perda de uma aluninha de forma repentina, vítima de pneumonia. Cada aluno que fica doente é uma preocupação que nós temos. Certamente porque cada serzinho matriculado em nosso CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) é um pouco parte de nós. Eles levarão para a vida algo que aprenderam em nosso ambiente escolar. E o contrário também acontece, nós aprendemos muito com eles. Tenho cada vez mais certeza de que a educação é o único caminho para mudarmos o mundo e transformá-lo em um lugar melhor para se viver.

Sobre o autor

Bruno Zanette

Jornalista nascido e formado em Foz do Iguaçu-PR. Adora falar e contar histórias, por isso o rádio foi veículo onde mais trabalhou. Mas é na escrita onde costuma se expressar melhor. Gosta de um bom rock, livros, filmes e esportes (assiste bem mais do que pratica). Torce e sofre pelo Grêmio, não exatamente nessa ordem. Apesar de bem-humorado, gosta de piadas de humor bem duvidoso, e acha que a melhor maneira de rir é de si mesmo. Por isso, acredita que a própria vida poderá servir de inspiração para boas crônicas e contos. E tudo o mais que vier na telha para escrever.

7 comentários

  • Que bom, Bruno. Eu já conhecia este universo, porque já fui professora. Levo o sorriso e o carinho das crianças na memória. Mas apenas nisso. O dia a dia da sala de aula é muito difícil, por isso resolvi mudar de caminho, procurei uma função mais tranquila, embora também me estressei muito esse ano, rs. E sinceramente me identifiquei muito mais como secretaria escolar. Foi o melhor que fiz também. Só que fui para o ensino fundamental, onde as crianças perdem a inocência com o tempo, mas continuam sinceras e puras. Tive sorte com uma equipe boa, como já te falei. De certa forma também tive uma guinada radical este ano. Por isso entendo tudo o que disse. Fiz a escolha certa. Que tenhamos um ótimo ano letivo em 2024.

  • Olá meu caro colega. Também entrei nesse concurso esse ano, e me identifiquei muito com seu texto, educação infantil me deu um olhar diferente para as crianças (eu era um tanto indiferente a elas). E tivemos também uma perca de uma aluna (uma tragedia, foi atropelada no Paraguai). Sobre a educação me ficou na memória o quanto pessoal se esforça pra fazer um natal bacana e datas comemorativas legais para as crianças.

      • Que bom que está feliz e realizado, Bruno. Educação Infantil é um mundo único e tem seus encantos. Vivenciei isso quando fui professora, só que resolvi seguir outro caminho. A rotina da sala de aula é difícil, então resolvi optar por uma função mais tranquila, embora continuasse dentro da mesa na área de formação. Também prestei concurso para secretaria e hoje me sinto mais realizada nele. Tem seus momentos de estresses e perrengues, mas eu aprendi a gostar. Estou no ensino fundamental, e para mim não mudou nada, apesar da faixa etária ser maior. As crianças continuam puras e sinceras. E o que ajudou foi o acolhimento de toda a equipe. Que possamos ter um ótimo ano letivo em 2024.

        • Obrigado, Cristina! De fato, o apoio da equipe pedagógica, coordenação e direção faz toda a diferença na jornada. Sucesso a nós, vizinhos de unidade escolar rss

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