Em 11 meses inteiros pareço invisível. A sazonalidade não deveria representar a totalidade do que sou, mas a essência pós-novembro parece convencer a todos.
Uma fantasia breve que se esvai assim que os fogos de artifício começam a pintar o céu. Um personagem superficial, um símbolo colorido para remorsos pseudo-assassinados com presentes parcelados.
Me dão os ombros em janeiro, vão para o outro lado da rua em fevereiro. Fingem estar ao telefone em março, falsificam o endereço em abril. Em junho e julho me trocam por fogueiras e bandeirinhas. Negam aperto de mão em agosto, trocam de banco no ônibus em setembro. É outubro e meu telefone simplesmente não toca.
Estou além do calendário e das tradições. Tenho minhas próprias histórias e aflições que vão além de rapel em chaminés ou confessionário infantil de bom comportamento.
O Natal não salva o que vocês não vivem o resto do ano.
Muito menos eu.
No-no-no.