Geral

O verdadeiro Noel

Escrito por Brunno Lopez

Em 11 meses inteiros pareço invisível. A sazonalidade não deveria representar a totalidade do que sou, mas a essência pós-novembro parece convencer a todos. Uma fantasia breve que se esvai assim que os fogos de artifício começam a pintar o céu. Um personagem superficial, um símbolo colorido para remorsos pseudo-assassinados com presentes parcelados.

Em 11 meses inteiros pareço invisível. A sazonalidade não deveria representar a totalidade do que sou, mas a essência pós-novembro parece convencer a todos.

Uma fantasia breve que se esvai assim que os fogos de artifício começam a pintar o céu. Um personagem superficial, um símbolo colorido para remorsos pseudo-assassinados com presentes parcelados.

Me dão os ombros em janeiro, vão para o outro lado da rua em fevereiro. Fingem estar ao telefone em março, falsificam o endereço em abril. Em junho e julho me trocam por fogueiras e bandeirinhas. Negam aperto de mão em agosto, trocam de banco no ônibus em setembro. É outubro e meu telefone simplesmente não toca.

Estou além do calendário e das tradições. Tenho minhas próprias histórias e aflições que vão além de rapel em chaminés ou confessionário infantil de bom comportamento. 

O Natal não salva o que vocês não vivem o resto do ano.

Muito menos eu.

No-no-no.

Sobre o autor

Brunno Lopez

Um ilustrador de palavras que é a favor de tudo que é do contra. Um publicitário que não faz propaganda.
Um otimista aposentado que dá um tapa nas costas da vida enquanto o resto do mundo a empurra existência abaixo.
Um compositor de letras cotidianas sob um violão desafinado.
Um desenhista de verbetes que tem muitas certezas sobre as próprias dúvidas e acredita que o amor não passa de um tapete mágico que sobrevoa as misérias humanas.