A cada final de ano, temos aquela mania de lojista: fazer um balanço e programar o nosso próximo ano. Só que, ao contrário dos profissionais do comércio varejista, o nosso dificilmente serve para projetar algum lucro e tomadas de decisão futura. Serve mesmo para ver o volume de lágrimas derramadas a quem sequer pagou por elas e para verificar se será preciso ampliar os estoques de caixas para as decepções acumuladas.
É por isso que neste ano eu resolvi não resolver.
Isso mesmo, nada das famosas resoluções vestidas de promessas, que claramente nasceram para ser descumpridas. Prometer a si mesmo é como manter uma cisterna de ansiedade em nossa mente: ficaremos nos cobrando o ano todo sobre o que pensamos lá na última semana de dezembro, quando estamos desgostosos, frustrados, com sobrepeso e com o décimo-terceiro já no final, porque é fácil e humano prometer que não vai mais errar quando se está tomado de angústia.
Particularmente, eu acredito que resoluções de ano-novo são garantias de autossabotagem, então, resolvi que não vou mais alimentar meu próprio troll. Se eu fizer coisas que fiz no ano passado, tudo bem. Não preciso reinventar a roda da minha vida, eu só preciso ter o controle de quantos giros ela dá, quando dá e para onde vai.
Para o ano que vem, eu só quero uma leveza que seja quase insustentável e ela não combina com o peso de resoluções. Quero sentir o gosto de simplicidade no meu cotidiano e sorrir das minhas próprias pequenas tragédias, pequenas pelo simples fato de eu não deixar que cresçam. Quero ser dona de mim e isso não depende de nenhum planejamento.
Só decidi uma coisa, mas não é para 2018, é para sempre: eu mereço paz de espírito. O que o amanhã trouxer, recolherei com olhos e braços abertos.