O embate não é mais silencioso. Até aqueles com as dificuldades auditivas mais graves conseguem ouvir os passos do caos. É uma celebração de derrota de argumentos, onde todos gritam em volume máximo o que sabem de mínimo.
São os rasos que nos afundam. Um oceano de pessoas vestindo a camisa da superficialidade está afogando tudo o que se conquistou profundamente.
Sinais de fumaça deixaram de ser uma comunicação para se tornar apenas uma marcação de guerra.
Enxergamos leitores de títulos de matérias palestrando aos quatro ventos o discurso da desinformação. E com as mãos ocupadas compartilhando as mentiras fabricadas é quase impossível juntar os dedos com quem ousa pensar diferente.
E nem estamos de fato pensando diferente. Estamos deixando de pensar.
Até mesmo nas consequências.
Foi quando abandonamos a persuasão e abrimos as portas para o julgamento. Pode ser cansaço, pode ser preguiça, mas não é possível impedir que a ignorância seja a mais popular da sala se deixamos de tentar mostrar o lado coerente das coisas.
Sequer é inverno rigoroso e estamos gostando de ver tudo pegar fogo.
O problema é que quem viverá das cinzas somos nós mesmos.