Otimistas estão cada vez mais ameaçados de extinção. Perfilados num cemitério de boas intenções, com epitáfios incompletos por uma total falta de estímulo – e de leitores. No mesmo jardim bucólico, descansam também os proprietários de bom senso – antigos personagens comuns que interpretavam textos e não entravam em discussões sem que estivessem minimamente munidos de argumentos relevantes.
Por que tais perfis tão razoáveis decidiram abandonar o que restou desse mundo artificial? Por que personalidades que compreendem ironia sem tutoriais no Youtube escolheram não mais se relacionar com o ser humano médio que se loga antes de respirar?
A resposta pode ser obtida num breve passeio por qualquer uma das suas redes sociais favoritas. Prenda a respiração e mergulhe no raso para conhecer um universo de indivíduos que se alimentam unicamente da criação de polêmicas desnecessárias com desconhecidos. Vibram com problematizações, criam suas próprias verdades com histórias aleatórias e só aprenderam o verbo ‘lacrar’ na escola online. E o único plano que possuem na vida é o de dados – pagos, claro, pelos pais.
Perde-se tempo precioso num espaço que poderia ser infinitamente mais produtivo se não precisássemos nos desviar dessa enxurrada de humor forçado e preconceitos institucionais. As palmas que batem para as imbecilidades deveriam ter a cabeça de quem escreve no meio das mãos.
O acesso à internet deveria ser liberado mediante o acesso à noção que a pessoa tem.
Os bons estão vivendo offline
Supostamente, a internet deveria nos trazer conexão e informação. Mas, parece que não tem sido bem assim.