Junho se foi.
Junho se foi, me levando tanta coisa que nem sei explicar.
Junho se foi, transformando minha dádiva em dívida e me impedindo de sonhar.
Junho se foi, levando tanto que talvez não saiba como te contar.
Junho se foi, fazendo do riso o pranto, do sono a insônia que não me deixa sonhar
Junho se foi, fazendo da alegria a angústia e do desejo a lembrança de quem perdeu um amor.
Junho se foi, levando minha cura e me aproximando da loucura que costuma me acompanhar.
Junho se foi, dividindo-se em prantos, me deixando pelos cantos, sem saber pra onde ir.
Junho se foi, encharcado de lágrimas, diluído em instantes que eu guardo pra mim.
Junho se foi, fazendo do sonho uma dúvida e me trazendo certezas que não quero aceitar.
Junho se foi, tomando de mim uma parte de luz que parecia sem fim.
Junho se foi, e eu sigo aqui, sem um pedaço de mim e numa tristeza sem fim que teima em me acompanhar.
Junho
se
foi.