Acordo assustada. Tateio a cama procurando pelo celular para ver as horas: estou atrasada.
Escovo os dentes rapidamente, corro para o banho. Enquanto a água escorre, clareia minha mente e começo a repassar meus desejos e planejamentos para o dia: preciso de tempo para tomar café, tempo para guardar a roupa lavada, tempo para almoçar com a minha mãe, tempo para trabalhar na minha nova história, tempo para dar um simples oi para uma amiga que há muito não vejo, tempo para respirar.
Tempo, tempo, tempo.
Fácil como um piscar de olhos, já escorreu por entre os dedos. Cada dia parece ter menos horas, cada ano parece ficar mais curto.
Todos os planos, metas, objetivos, subitamente tornam-se tão obsoletos, distante. O cansaço bate à porta e a frase “Deixa para amanhã” é a mais recorrente.
Tempo, tempo, tempo.
“Desperdicei meu tempo fazendo nada, apenas descansando na cama”. Quem disse que descanso é perda de tempo? É revigoramento de espírito, reposição de energia, encontro da paz interior. Recuperação necessária para botar novamente os planos em cheque, vigorar as metas e assim prosseguir sem esmorecer.
Tempo, Tempo, Tempo.
Tempo da sabedoria para esperar pelos planos de Deus, tempo para suportar a saudade que me separa do homem amado, tempo de amadurecer, tempo de compreender.
Tempo regente de destinos, válvula de escape, que supera mágoas, tempo que perdoa.
Porque como disse o poeta “nem foi tempo perdido, somos tão jovens!”.