Decepcionar é humano e inevitável. Decepcionamos muitas vezes porque tentamos nos moldar a um meio ao qual nunca deveríamos ter considerado estar; e, muitas vezes, porque as pessoas se sentem no direito de nos exigir algo diferente do que oferecemos. E o nosso desejo de agradar e de nos relacionarmos com os outros acaba criando uma linha tênue entre ceder e abrir mão do que somos.
Quantas vezes aceitamos imposições para satisfazer a alguém, para nos encaixarmos num padrão, para estarmos na moda ou para pertencermos a um grupo? Nos sacrificamos e, ainda assim, não temos a aceitação alheia garantida. Tememos tanto a reprovação que mutilamos o que somos, e terminamos insatisfeitos e insatisfatórios. Queremos ser parte de algo, e deixamos de ser parte de nós mesmos.
Você pode ser você mesmo e, invariavelmente, chocar ou magoar alguém no decorrer da convivência; ou pode abrir mão do que é, e deixar a sua essência se esvair como um vidro de perfume aberto à beira da penteadeira. Pode espremer seus sentimentos para saciar a vontade alheia; ou pode se permitir sentir e alimentar suas vontades. Pode andar à beira da existência agradando aos olhares alheios; ou pode se ver como a sua única e melhor versão.
No fim do dia, quando não houver ninguém além da sua consciência cobrando por suas concessões e atitudes, você tem que escolher a quem decepcionar. Então, por mais duro que seja não atender às expectativas de quem quer que seja, se manter fiel ao que você é ainda é o melhor caminho para viver bem consigo e deixar a sua imagem real para o mundo. Porque o que existe em seu coração pode ser abafado, mas não vai deixar de gritar nos seus ouvidos.