Canto dos contos

O melhor bom dia do mundo

Escrito por Brunno Lopez

Acordar de manhã pode ser uma tarefa árdua. Exceto quando você tem por que(m) acordar.

Houve um tempo em que ela acordava ouvindo os ponteiros do relógio se arrastando. Cada tique dos segundos lhe despertavam preguiçosamente, antes que a ousadia dos raios de sol viessem beijar seu rosto maquiado da noite anterior.

Houve também um tempo em que seus olhos abriam com uma respiração no travesseiro ao lado. Uma companhia transitiva que sequer sabia seu sobrenome, mas conhecia o suficiente pra ficar até as primeiras horas da manhã.

Houve um tempo em que tanto o sono quanto a pessoa decidiram ir embora, e ela ficou apenas com as memórias dos dias em que sua única preocupação matinal era levar os restos do café na cama para a cozinha.

Hoje, ela acorda com pequenos passos pelo corredor.
E isso a fez acordar pra vida pra sempre.

Sobre o autor

Brunno Lopez

Um ilustrador de palavras que é a favor de tudo que é do contra. Um publicitário que não faz propaganda.
Um otimista aposentado que dá um tapa nas costas da vida enquanto o resto do mundo a empurra existência abaixo.
Um compositor de letras cotidianas sob um violão desafinado.
Um desenhista de verbetes que tem muitas certezas sobre as próprias dúvidas e acredita que o amor não passa de um tapete mágico que sobrevoa as misérias humanas.